Você já ouviu aquela história de que nenhum astronauta deixou a atmosfera da Terra? Pode soar estranho, mas é verdade! Mesmo quem pisou na Lua ainda estava tecnicamente dentro da nossa atmosfera.
A explicação está na definição de “atmosfera”. Ela não acaba bruscamente, mas vai se tornando rarefeita até sumir no espaço. A Estação Espacial Internacional (ISS), por exemplo, orbita a 400 km de altitude e ainda está dentro dessa camada atmosférica.
Para se ter uma ideia, a gravidade lá em cima é quase a mesma que sentimos aqui embaixo. E para se manter em órbita, a ISS precisa ser constantemente “empurrada”, pois o ar, mesmo que rarefeito, exerce resistência.
Oficialmente, o espaço começa a 100 km de altitude, na chamada “linha de Kármán”. Mas essa é só uma convenção. Um estudo de 2019 revelou que a atmosfera terrestre, através de uma nuvem de hidrogênio chamada geocorona, pode se estender por até 630 mil km!
Isso significa que a Lua, que está a cerca de 384 mil km, está dentro da nossa atmosfera. A descoberta foi feita ao revisitar dados de mais de 20 anos atrás, mudando a forma como vemos os limites do nosso planeta.
E tem mais: a Terra e a Lua estão mergulhadas na heliosfera, a atmosfera do Sol, que se estende por todo o Sistema Solar. Segundo Marcelo Zurita, da Associação Paraibana de Astronomia, nem os astronautas da Apollo 13, que foram os mais distantes da Terra, deixaram nossa atmosfera.
Mas e a “reentrada na atmosfera”? Zurita explica que o termo continua valendo, pois se refere à passagem pelas camadas mais densas, onde o atrito queima as naves. No fim das contas, o limite do espaço depende do que você quer saber.