Um cartão amarelo nos acréscimos, apostas concentradas em 98% para uma única jogada e mensagens apagadas no celular do irmão do atacante. Esses foram os indícios que levaram a Polícia Federal (PF) a indiciar Bruno Henrique, do Flamengo, por suspeita de fraude em competição esportiva e estelionato. O caso envolve uma partida contra o Santos, em novembro de 2023, e movimentou valores anormais em plataformas de apostas.
Naquela noite, três casas de apostas (BETANO, GaleraBet e KTO) detectaram padrões incomuns. Na BETANO, 98% do volume de apostas para o mercado de cartões estava direcionado a Bruno Henrique receber um cartão amarelo. Na GaleraBet, o índice foi de 95%. Para contexto, a média histórica do jogador nesse tipo de aposta era de apenas 15%, segundo a PF. A anomalia foi tão flagrante que a BETANO retirou a opção de apostas em cartões antes do jogo começar.
Do campo às apostas: a cronologia do caso
- 31 de outubro de 2023: Familiares de Bruno Henrique apostaram valores altos e incomuns no cartão amarelo do jogador. Contas recém-criadas e apostadores de Belo Horizonte (cidade natal do atleta) chamaram atenção.
- 1º de novembro de 2023: Aos 48 minutos do segundo tempo, Bruno Henrique cometeu uma falta em Soteldo, do Santos, e recebeu o cartão amarelo. Em seguida, foi expulso após xingar o árbitro.
- 2 de novembro de 2023: As casas de apostas emitiram alertas formais à CBF e à PF, destacando a concentração “ilógica” de apostas.
Os grupos de apostadores
A PF identificou dois núcleos:
- Familiares: Irmão (Wander Nunes), cunhada e prima do jogador.
- Estrangeiros: Seis apostadores de Belo Horizonte, ligados a Wander por meio de Claudinei Bassan, ex-jogador e pivô do esquema.
No celular de Wander, os investigadores encontraram mensagens que discutiam a estratégia para garantir o cartão. Em uma delas, há reclamações sobre a demora para que a punição fosse aplicada. O cartão só veio nos acréscimos, após os 90 minutos regulamentares.
Próximos passos
O relatório da PF foi encaminhado ao Ministério Público, que decidirá se denuncia o atacante e os outros nove investigados. Enquanto isso, o Flamengo se limitou a declarar que “apoia o jogador até que haja uma condenação”. O caso agora depende de provas técnicas e do cruzamento de dados das apostas com as comunicações apreendidas.