Uma criança de 7 anos morreu após comer um ovo de Páscoa supostamente envenenado em Imperatriz, no interior do Maranhão. O caso ocorreu na noite de 16 de abril, quando um chocolate foi enviado como presente à família. Além do menino, que não resistiu, a mãe e a irmã da vítima também passaram mal e foram hospitalizadas em estado grave. Uma mulher de 35 anos – apontada como responsável por ter enviado o doce contaminado – foi presa enquanto tentava fugir da cidade.
Ovo de Páscoa e bilhete apreendidos pela Polícia Civil como evidências do caso. O chocolate chegou à casa da família como um “presente” entregue por um motoboy, acompanhado de um bilhete manuscrito com os dizeres: “Com amor, para Mirian Lira. Feliz Páscoa”. Em seguida, Mirian Lira – mãe do menino – recebeu uma ligação de uma mulher não identificada perguntando se ela havia recebido o ovo de Páscoa. Minutos depois de consumir o doce, o pequeno Luís Fernando Rocha Silva, de 7 anos, começou a passar mal, e a família o levou imediatamente ao Hospital Municipal de Imperatriz. O menino chegou a ser entubado, mas não resistiu e faleceu horas depois, na madrugada de 17 de abril.
A mãe de Luís Fernando, Mirian Lira, e a irmã dele, Evelyn Fernanda Rocha Silva, de 13 anos, também ingeriram o chocolate e logo apresentaram sintomas de envenenamento. Mirian só começou a passar mal no hospital, enquanto acompanhava o filho – suas mãos ficaram roxas e ela teve dificuldade para respirar. Ela foi internada às pressas na UTI, e, pouco depois, sua filha adolescente, Evelyn Fernanda, deu entrada no hospital com os mesmos sintomas. Ambas permanecem internadas em estado grave, entubadas na Unidade de Terapia Intensiva do hospital municipal.
As investigações policiais rapidamente identificaram uma suspeita com vínculo pessoal à família. Trata-se de Jordélia Pereira Barbosa, 35 anos, apontada como ex-companheira do atual namorado de Mirian Lira, mãe do menino. Evidências colhidas indicam que ciúme e vingança teriam sido a motivação do crime, segundo informou a Polícia Civil do Maranhão. “Os indícios levam a crer (…), que o crime foi motivado por vingança, por ciúme”, afirmou o delegado Maurício Martins, secretário de Segurança Pública do Maranhão. Jordélia foi presa na tarde de 17 de abril por agentes da Polícia Civil, quando tentava deixar Imperatriz em um ônibus intermunicipal rumo à cidade de Santa Inês, onde reside. A captura fez parte de uma operação conjunta da Delegacia Regional de Santa Inês com o Centro de Inteligência da SSP-MA.
Provas materiais reforçam a acusação contra a suspeita. Imagens de câmeras de segurança mostram uma mulher com as características de Jordélia comprando ovos de chocolate em uma loja de Imperatriz usando disfarce (peruca e óculos) pouco antes do crime. Ao ser detida, a suspeita portava duas perucas – uma preta e uma loira –, restos de chocolate, frascos de medicamentos e passagens de ônibus intermunicipais. Um dos bilhetes de viagem havia sido comprado dois dias antes da família receber a encomenda, indício de planejamento prévio. O ovo de Páscoa suspeito e o bilhete deixado junto a ele foram apreendidos e enviados para análise laboratorial no Instituto de Criminalística de Imperatriz (Icrim), a fim de identificar qual substância tóxica foi utilizada. Além disso, amostras de material biológico das vítimas foram coletadas para perícia, e o corpo do menino passou por exame de necropsia no Instituto Médico Legal (IML) de Imperatriz. Laudos periciais do IML e do Icrim foram solicitados e devem confirmar oficialmente a causa da morte e o agente envenenador nos próximos dias.
A suspeita foi autuada em flagrante e deverá responder pelos crimes de homicídio (pela morte de Luís Fernando) e tentativa de homicídio (contra a mãe e a irmã da criança). A Delegacia de Homicídios de Imperatriz instaurou um inquérito policial para apurar todos os detalhes do caso, colhendo depoimentos de testemunhas e reunindo provas adicionais. O crime bárbaro teve grande repercussão – ganhou destaque na imprensa nacional e gerou alerta sobre os riscos de ingestão de alimentos de origem desconhecida. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública enfatizou que o caso está sendo investigado com prioridade e que a suspeita será apresentada à Justiça para responder por seus atos.
Enquanto isso, familiares e moradores de Imperatriz acompanham a recuperação de Mirian Lira e sua filha, que seguem hospitalizadas em estado grave, e aguardam que os responsáveis sejam punidos nos termos da lei.