Já pensou se a desigualdade social não fosse uma regra, mas sim uma escolha? Um estudo inédito analisou 50 mil casas de civilizações antigas e descobriu algo surpreendente: a vida nem sempre foi marcada por super-ricos e oprimidos.
Os resultados mostram que, em vez de pirâmides sociais, alguns povos construíram cidades igualitárias. Ninguém vivia em palácios enquanto outros passavam fome, e isso não dependia do tamanho da população ou do governo.
Como eles conseguiam?
A resposta está nas decisões coletivas. Regras claras impediam o acúmulo exagerado de bens. Leis, impostos e festas públicas financiadas pelos mais ricos ajudavam a manter o equilíbrio social.
Em algumas culturas, heranças tinham limites. Em outras, dívidas eram perdoadas após a morte. A desigualdade, segundo o estudo, seria uma invenção, não um destino inevitável.
Um passado mais justo
De acordo com a revista Live Science, a pesquisa mostra que várias sociedades viveram por séculos com baixos níveis de desigualdade. Arqueólogos analisaram o tamanho das casas como um termômetro da riqueza e viram que o crescimento da população ou governos complexos não eram garantia de desigualdade.
Cidades como Mohenjo-Daro, no Vale do Indo, e assentamentos na Ucrânia cresceram de forma organizada, sem concentração de riqueza. Já outras regiões só conheceram a desigualdade muito tempo depois de começarem a plantar.
Cultura e Cooperação
O estudo também destaca o poder da cultura e da forma de pensar. Em lugares onde a união era mais importante que a competição, juntar muita riqueza era feio, ou até proibido pelas regras da sociedade.
Mas, onde o importante era mostrar poder, as diferenças entre as pessoas aumentavam. A pesquisa analisou dados de um período de 10 mil anos, desde o fim do Pleistoceno até o início do colonialismo europeu.
Os arqueólogos mostraram que a desigualdade não é um resultado inevitável da civilização. Ela muda de acordo com as decisões que as pessoas tomam ao longo do tempo. Sociedades complexas podem funcionar bem sem que uns mandem e outros obedeçam.
Essa visão histórica nos faz questionar ideias de hoje que tratam a desigualdade como algo natural ou impossível de mudar. Se povos antigos criaram cidades organizadas, com trocas, cultura e pouca desigualdade, por que não podemos buscar um mundo mais justo?
Para Gary Feinman, o principal nome por trás do estudo, a arqueologia é como um espelho, mostrando que existem outros caminhos além do que vivemos hoje. Ao estudar o passado com atenção, podemos entender que o futuro ainda está em aberto.