Em meio às negociações finais para a formação da federação entre PP e União Brasil, o diretório baiano do Progressistas enviou um ofício ao presidente nacional do partido, senador Ciro Nogueira (PI), solicitando que o comando da federação no estado fique sob responsabilidade nacional. A movimentação ocorre após o anúncio da federação, que deve ser oficializada na próxima terça-feira (29), às 15h, em Brasília.
O documento, assinado pelo presidente estadual do PP, deputado federal Mário Negromonte Júnior, argumenta que a nacionalização da gestão da federação na Bahia seguiria o mesmo modelo adotado em estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Sergipe. Segundo o ofício, essa medida seria necessária “para que as questões regionais e diferenças políticas sejam administradas de forma equânime, sendo conduzida de forma justa e imparcial”.
Disputa pelo comando e possível debandada
A preocupação do PP baiano tem fundamento nas regras acordadas entre os presidentes nacionais Ciro Nogueira (PP) e Antônio Rueda (União Brasil), que determinam que o comando da federação nos estados ficará com o partido que possuir maior número de deputados federais. Na Bahia, o União Brasil levaria vantagem com cinco parlamentares federais, contra quatro do PP.
No ofício enviado à direção nacional, o PP alerta que caso o comando estadual da federação fique com o União Brasil, isso poderá provocar uma debandada em massa de seus filiados. “O movimento sugerido de repassar à outra agremiação a coordenação estadual da nova federação causará, conforme já anunciado, uma saída de toda a bancada estadual do progressista e da maioria dos nossos prefeitos. Tal movimento chegará a nossa bancada federal, enfraquecendo e praticamente extinguindo a representação do Progressistas baiano no congresso que hoje é pujante”, diz um trecho do documento.
Impacto na base governista
O governador Jerônimo Rodrigues (PT) já manifestou preocupação com os desdobramentos da federação e revelou que os seis deputados estaduais do PP devem deixar a sigla para continuar apoiando seu governo. “Se lá em cima se confirmar a federação União Brasil e PP, aqui na Bahia a combinação é que os seis deputados estaduais do PP me acompanhem. Nós vamos ter que combinar quais partidos eles irão para que continuem na minha base”, afirmou o governador em entrevista à rádio Princesa FM, de Feira de Santana, nesta sexta-feira (25).
Atualmente, a bancada do PP na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) é composta pelos deputados Niltinho, Antonio Henrique Júnior, Eduardo Salles, Felipe Duarte, Hassan e Nelson Leal. A tendência é que esses parlamentares migrem para o Avante, partido comandado na Bahia pelo ex-deputado Ronaldo Carletto, que vem ganhando força nos últimos anos.
Além dos deputados estaduais, o PP baiano conta com expressiva representação política no estado, incluindo 41 prefeitos, 37 vice-prefeitos e 414 vereadores. Todo esse capital político pode ser comprometido caso o comando da federação fique com o União Brasil.
Conflito ideológico
O impasse também tem raízes no posicionamento político das duas legendas na Bahia. Enquanto o União Brasil é o principal partido de oposição ao governo de Jerônimo Rodrigues (PT) e tem como um de seus principais quadros o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto – provável adversário do petista nas eleições de 2026 –, o PP vinha se aproximando da base governista.
Mário Negromonte Júnior, presidente estadual do PP, e o governador Jerônimo estavam próximos de um entendimento sobre espaços que a legenda poderia ocupar na gestão estadual, mas as negociações foram interrompidas devido à indefinição sobre a federação.
O governador também manifestou interesse em manter em sua base os deputados federais Mário Negromonte Júnior, atual vice-líder do governo Lula na Câmara, e Cláudio Cajado, ambos do PP. “Já registrei meu interesse em manter essa relação. A decisão é deles, mas quero caminhar junto”, declarou Jerônimo.
A federação entre PP e União Brasil, que passará a se chamar União Progressista, formará a maior bancada da Câmara dos Deputados, com 108 parlamentares, além de 13 senadores. O anúncio oficial está previsto para a próxima terça-feira (29), às 15h, em Brasília.