Uma descoberta incrível acaba de agitar o mundo da arqueologia egípcia. Imagine só: um túmulo de cerca de 4.400 anos, encontrado pertinho do Cairo, na vasta necrópole de Saqqara. Mas o que o torna tão especial? O destaque vai para uma porta “falsa” gigante, feita de granito rosa, que era vista pelos antigos egípcios como um portal mágico entre a vida e o além.
Quem Era o Príncipe Desconhecido?
E de quem é esse túmulo monumental? Ele pertence a um antigo príncipe chamado Userefre. Ele era filho do faraó Userkaf, que governou lá por volta de 2465 a 2458 a.C., na V dinastia. O mais surpreendente, como explicou o egiptólogo Ronald Leprohon, é que antes desse achado, nem se sabia que Userefre existia! O nome dele, segundo especialistas, pode significar “Rá é poderoso”, uma clara referência ao deus sol Rá.
Os Segredos da Porta Gigante
Agora, sobre essa tal porta falsa… O Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito falou que ela mede uns 4,5 metros de altura por 1,2 metro de largura, feita de granito rosa. Essas estruturas eram comuns nos túmulos, pois a crença era que a alma podia passar por elas para ir e vir. Pense nisso: um portal simbólico para o outro lado!
Zahi Hawass, egiptólogo renomado que lidera as escavações, falou que encontrar uma porta falsa como essa em Saqqara é algo inédito. Para ele, o tamanho e o material dessa porta fazem sentido com o status de Userefre. As inscrições encontradas falam que ele era um “príncipe hereditário” e tinha títulos importantes, como “juiz”, “ministro” e “governador” de duas regiões.
Melanie Pitkin, curadora do Museu Chau Chak Wing, destacou a raridade do material. Naquela época, portas falsas eram mais feitas de calcário, que é fácil de encontrar no Egito. Já o granito rosa vinha de bem longe, de Aswan, a uns 644 km ao sul. Por isso, era um material bem mais caro, reservado para a realeza e figuras de alto escalão.
Outros Achados e um Mistério Antigo
Pertinho da porta, a equipe também encontrou uma mesa de oferendas, feita de granito vermelho. Ronald Leprohon explica que os egípcios deixavam comida nessas mesas, na crença de que o falecido poderia “magicamente” se alimentar delas.
Mas a história do túmulo guarda mais uma surpresa: ele parece ter sido usado de novo, séculos depois, durante a XXVI dinastia (mais ou menos entre 688 e 525 a.C.). Nessa época, uma estátua representando o famoso rei Djoser (aquele da primeira pirâmide em Saqqara!), sua esposa e filhos foi colocada ali. A estátua é mais antiga que a reutilização, talvez tenha vindo da própria pirâmide de Djoser ou de um edifício próximo.
Por que uma estátua de um rei tão importante foi transferida para o túmulo de um príncipe desconhecido séculos depois? Isso, por enquanto, continua sendo um mistério a ser desvendado pelos arqueólogos.