A fusão entre Podemos e PSDB avança nos bastidores da política brasileira. Com reuniões decisivas marcadas, o debate sobre quem comandará a nova legenda segue intenso. Na Bahia, o futuro da sigla ganha contornos particulares, com um objetivo claro: buscar um equilíbrio entre os grupos políticos que hoje se dividem no estado.
Um Sonho de Equilíbrio na Bahia
Para a presidente nacional do Podemos, Renata Abreu, a meta é acomodar os diferentes interesses locais. O plano seria ter um representante da nova legenda apoiando o governador Jerônimo Rodrigues, do PT, na esfera estadual. Em Salvador, a ligação seria com o prefeito Bruno Reis, do União Brasil, que lidera a oposição ao governo estadual. Uma estratégia para contemplar as bases dos deputados federais das duas siglas.
De um lado, o deputado Raimundo Costa, hoje no Podemos, manteria sua proximidade com a gestão de Jerônimo Rodrigues. Do outro, o deputado Adolfo Viana, do PSDB, poderia seguir alinhado com o grupo do ex-prefeito ACM Neto e, consequentemente, com o prefeito Bruno Reis. O movimento visa preservar as relações políticas já estabelecidas.
A Pressão da Cláusula de Desempenho
Por que essa fusão é tão urgente? A resposta está na atualização da cláusula de desempenho, estabelecida no Código Eleitoral. Essa regra, alterada em 2018, exige que os partidos atinjam patamares maiores de votos e eleitos para garantir o quociente eleitoral e, principalmente, para continuar recebendo recursos do Fundo Partidário. O fundo soma R$ 888,7 milhões neste ano, uma verba fundamental para a sobrevivência das legendas.
O Desafio do PSDB em 2026
O PSDB, por exemplo, vive uma encruzilhada. Atualmente, a legenda tem 13 deputados federais, distribuídos em oito estados, e está próxima da linha de corte. O piso da cláusula de barreira para as eleições de 2026 será de 2,5% dos votos válidos ou 13 deputados eleitos em nove unidades da Federação. Isso significa que, mesmo que os atuais tucanos sejam reeleitos, o partido precisará eleger pelo menos um deputado em mais um estado para não perder o acesso ao financiamento público e ao tempo de TV.
As discussões sobre fusões, incorporações e federações partidárias começaram em fevereiro deste ano. O objetivo de Renata Abreu é, de fato, manter esse equilíbrio de forças políticas dentro da nova sigla. Resta saber se esse desejo se concretizará nas negociações finais.