Assim que a primeira batida da percussão ecoou na Área Verde de Othon, fãs ansiosos tomaram conta da beira do palco com seus celulares a postos. A força instrumental de onze percussionistas anunciava a volta da Timbalada e arrancava gritos de expectativa daqueles que foram conferir de perto a nova formação do grupo, agora liderado pelos cantores Buja Ferreira, Paula Sanffer e Rafa Chagas.
“A Timbalada se iniciou, pela primeira vez, aqui. Daqui saíram os primeiros concertos”, disse Carlinhos Brown, enquanto jogava pétalas no público para marcar o novo ciclo do grupo criado por ele em 1991. O cantor também falou, pela primeira vez, sobre a polêmica da nova formação: “Engraçado… O povo fica dizendo ‘devolva minha timbalada’. Estou devolvendo, mas sem os problemas. Deixem que os problemas fiquem pra mim e sejam felizes”.
Brown encerrou a noite cantando sucessos de sua carreira, chamou o pai, Renato Freitas (ou seu Bororó, como é conhecido), no palco, com direito a parabéns por seus 82 anos, e abençoou a Timbalada. Quem abriu a noite foi a banda Electrotimba, que se apresentou pela primeira vez e colocou todo mundo para dançar ao som de reggaeton e bachata. Em seguida, veio a atração mais aguardada da festa.
A música nova Hino Tim abriu o repertório do show da Timbalada com os versos que deram origem à campanha de apoio #SouTimbaleiroEuSou. Mas a noite ficou marcada mesmo por sucessos antigos que marcaram os primeiros anos do grupo. Teve espaço para Beija-Flor, Braseira Ardia, Giro o Mundo, Mimar Você, Namoro a Dois, Água Mineral e Toque de Timbaleiro.
“A Timbalada Século XXI é um resgate da década de 1990, quando as letras falavam sobre a mulher, o negro, a religião africana… O resgate da percussão era o que a gente queria”, elogiou o mercadólogo baiano Edmundo Martins, 37 anos, que acompanha a Timbalada há 20 anos e faz parte do grupo de fãs que criou a campanha #SouTimbaleiroEuSou, em apoio à nova fase do grupo.
Paula Sanffer garantiu que os fãs podem ficar tranquilos com a nova fase do grupo, que está de coração aberto para ouvir as críticas. “A gente tem o coração timbaleiro e se preocupa, porque os fãs têm a Timbalada como uma bandeira, uma Nação. Queremos acelerar o coração de cada timbaleiro e mostrar que eles podem ficar tranquilos, porque nós abraçamos essa causa com muita responsabilidade. A Timbalada continua com muita força, muita energia e muito axé”, garantiu.
Fã “incondicional desde pequenininha”, a contadora baiana Milena de Souza, 39 anos, fez duras críticas à última formação da Timbalada, com a cantora Milane Hora, mas fez questão de entrar na campanha para mostrar que não é contra as mudanças no grupo. “Tô aqui para prestigiar e apoiar a banda que veio do barro para mostrar seu potencial. Dou muito valor a essa cultura”, justificou.
A contadora destacou, ainda, que a aceitação de Milane “foi complicada”. “Ela usou a psicologia reversa dizendo que nós é que fomos preconceituosos, racistas. Mas não foi isso. Ela não soube chegar com calma e humildade. Nossa recepção teria sido outra. Os meninos, Rafa, Buja e Paula, são acessíveis, conversam com a gente e passam a segurança que os timbaleiros precisam”, completou a fã.