Marcelo Odebrecht deixa carceragem da PF em Curitiba e vai para prisão domiciliar

O empresário Marcelo Odebrecht deixou a carceragem da Polícia Federal em Curitiba nesta terça-feira depois de dois anos e meio preso para cumprir pena sob regime de prisão domiciliar, informou a Justiça Federal do Paraná.

O ex-presidente da empreiteira Odebrecht foi levado pela PF à Justiça Federal para uma audiência com a juíza federal substituta Carolina Lebbos, responsável pela execução penal, e depois seguiu para São Paulo para iniciar o cumprimento da pena em sua residência, com tornozeleira eletrônica.

Marcelo Odebrecht foi preso pela Polícia Federal em junho de 2015, acusado de ser um dos protagonistas do esquema bilionário de corrupção na Petrobras revelado pela operação Lava Jato.

Inicialmente o executivo negou quaisquer irregularidades e rejeitou a possibilidade de fechar um acordo de delação premiada com os investigadores, e foi condenado a 19 anos e 4 meses de prisão em março do ano passado em uma das ações em que era réu na Lava Jato. Diante da condenação e do avanço das investigações, que incluíram a prisão de outros executivos ligados à companhia, acabou por mudar de postura.

Em dezembro de 2016, 77 executivos da empreiteira, entre eles Marcelo Odebrecht, fizeram acordos de delação premiada.

Pelo acordo, o executivo cumprirá pena de 10 anos. Além dos dois anos e meio em regime fechado que já cumpriu, passará mais dois anos e meio em prisão domiciliar e mais dois períodos iguais no regime semiaberto e no regime aberto com prestação de serviços comunitários.

Também em dezembro de 2016, a Odebrecht assinou um acordo de leniência com a força-tarefa da Lava Jato, no qual aceitou pagar multa de 6,7 bilhões de reais. Dezenas de executivos e ex-executivos da empreiteira revelaram casos de corrupção envolvendo obras públicas em vários Estados brasileiros e até mesmo em outros países da América Latina.

Marcelo Odebrecht, que era o único executivo ligado à empresa que ainda permanecia preso, ainda chegou a ser condenado em uma segunda ação penal da Lava Jato a 9 anos e dois meses de prisão.

Nos depoimentos feitos no âmbito dos acordos de delação, executivos ligados à Odebrecht citaram políticos de vários partidos que teriam sido beneficiários de pagamento de propina e de doações eleitorais via caixa dois.

Procurada, a Odebrecht afirmou por meio de sua assessoria de imprensa que Marcelo Odebrecht seguirá colaborando com a Justiça.

“O único compromisso atual de Marcelo Odebrecht é continuar contribuindo com a Justiça nos termos do seu acordo de colaboração, como reconhecidamente vem fazendo”, disse a empresa.

“A Odebrecht manifesta solidariedade com Marcelo, esposa e filhas por seu retorno ao convívio familiar. Marcelo conta com o reconhecimento da empresa por enfrentar as adversidades atuais com coragem e espírito de colaboração”, acrescentou a companhia.