Baiana conta sua história ao sair de Cipó até chegar ao time principal do Brasil

A Seleção Brasileira Feminina vai estrear na Copa América no Chile, nesta quinta-feira (5), às 19h no horário de Brasília, contra a Argentina. Entre as convocadas pelo técnico Vadão está a zagueira Rafaelle. Com passagens pelas categorias sub-17 e sub-20 do selecionado, a atleta falou da expectativa e importância de disputar a competição continental pela equipe principal.

"Sempre gostei de jogar campeonatos sul-americanos, mas a Copa América tem um gostinho especial, porque já consegui títulos com a Seleção Sub-17, Sub-20 e agora tenho a chance de conseguir com a principal", afirmou. "E é uma competição muito importante, porque classifica para o Mundial e Olimpíada", completou.

Rafaelle contou sua trajetória na Seleção em entrevista ao canal da CBF TV. Nascida em Salvador, ela começou jogando futsal com os meninos na cidade de Cipó, interior da Bahia, onde foi criada. "Meus pais sempre me apoiaram, diferente de muitas meninas que os pais proibiam de jogar futebol com os meninos, não deixavam brincar na rua descalça… Os meus pais sempre me apoiaram. Como minha cidade era pequena, então eles sempre me liberaram para jogar, me levavam para fazer teste", contou.

Quando foi morar na capital baiana para completar os estudos, ela começou a disputar os Jogos Escolares e acabou sendo descoberta por Mário Augusto, técnico do São Francisco, que convidou-a para treinar no clube. Com 15 anos de idade, Rafaelle já chegou jogando no time adulto da equipe. Após o bom desempenho da equipe na Copa do Brasil, ela foi indicada para a Seleção Brasileira Sub-17. Depois de disputar o Mundial Sub-20, na Alemanha, Rafaelle conseguiu uma transferência para estudar Engenharia Civil na Universidade do Mississippi, nos Estados Unidos. Ela já fazia o curso há um semestre e meio na Universidade Federal da Bahia. Na terra do Tio Sam, a baiana conseguiu conciliar o futebol com os estudos, o que seria praticamente impossível no Brasil.

"O que mudou a minha carreira foi ter ido para os Estados Unidos. A estrutura que tem lá no clube, é uma coisa que eu nunca tinha visto em lugar nenhum até aqui no Brasil", lembrou. "Foi tudo muito rápido. Eu saí do futsal, fui jogar na escola, fui para a Seleção Sub-17 como lateral. Aí surgiu a oportunidade de ir para os Estados Unidos e fui para lá jogar como meia-atacante. Vim para a Seleção, joguei como lateral e daqui a pouco estava na zaga. Acho que minha vida foi bem assim, sempre aproveitei bem as oportunidades e para mim sempre foi um prazer estar na Seleção. Independente da posição, quero estar jogando e ajudar ao máximo", complementou.

Rafaelle ainda falou da emoção de estar ao lado das principais estrelas da seleção principal do Brasil, como Marta, Cristiane e a conterrânea Formiga. "Eu assistia na tv Marta, Cristiane, Formiga e agora você está jogando com elas, você vai ficando meio que anestesiada com isso. Fico pensando: "Ah, vou falar com meus filhos que joguei com elas". É uma coisa que você não consegue explicar. Mas é uma emoção muito grande", finalizou.

O técnico Vadão divulgou a escalação do Brasil para o duelo contra a Argentina e a zagueira baiana está no time titular: Bárbara, Rilany, Mônica, Rafaelle e Tamires; Marta, Formiga, Thaisa e Thaisinha; Bia Zaneratto e Cristiane.