Assim que o árbitro Igor Benevenuto apita o fim da partida em São Januário, imediatamente os colorados disparam na direção do juiz, na noite desta sexta-feira, em São Januário. Esbravejam pela marcação do pênalti polêmico de Víctor Cuesta em Kelvin aos 44 minutos do segundo tempo, em lance capital que resultou o empate em 1 a 1 do Inter contra o Vasco. E que resultou na ira dos jogadores e dirigentes gaúchos.
A revolta de atletas e da comissão técnica após o empate ainda rendeu a expulsão de Edenílson. Mas era apenas o prenúncio da ira enraizada a níveis institucionais no Inter com as decisões do juiz da partida. E que foi externada pela diretoria do clube nos microfones.
O primeiro a se posicionar em frente às câmeras foi o vice de futebol Roberto Melo. Em tom alterado, o dirigente deixou o inconformismo transparecer logo na primeira resposta.
O dirigente foi além em sua fúria com as decisões recentes da arbitragem contra o Inter. Dada a badalação do confronto direto na ponta de cima da tabela entre Flamengo e Palmeiras, neste sábado, no Maracanã, Melo sugeriu que a taça do campeonato seja entregue ao vencedor. E sugeriu, com ironia, que seja acrescentado no regulamento que o Colorado não pode ser campeão.
– A gente passou o dia ouvindo programas que falavam que a final do campeonato era amanhã (sábado). Talvez seja. Tudo indica isso. Depois de terminado o jogo, a quem vencer, se entregue a taça. Eu sugeriria que se colocasse no regulamento do campeonato que o Internacional não pode ser campeão. E também que o time que vem da Série B não seja campeão. No início do ano, perguntei na CBF por que nossa tabela era tão dura no começo. Me disseram que para os clubes da Série B é mais difícil. Não tinha fundamento a explicação – disse Melo.
– É muito difícil entrar no vestiário e dizer para meu técnico e meus jogadores que ainda dá. Tem muitas coisas estranhas acontecendo. Se é mais bacana, dá mais Ibope Palmeiras e Flamengo disputarem o campeonato, legal. É difícil um time de Porto Alegre, do Nordeste, ser campeão. Sugiro também que se faça um campeonato só com times do Rio e de São Paulo – emendou.
Roberto Melo citou até o Campeonato Brasileiro de 2005, que permeia o imaginário colorado pela inconformidade de uma estrela “ausente” na camiseta. Naquele ano, o Inter fez uma campanha irretocável e estava perto de conquistar o tetra, não fosse prejudicado pelo escândalo da Máfia do Apito, que fez 11 jogos serem anulados após interferências dos árbitros Edilson Pereira e Paulo José Danelon. O Corinthians foi o campeão.
– Todos se sentem lesados. Todos se sentem quase que, nesse momento, incapazes de conquistar aquilo que a gente luta tanto. O Inter não pode mais… Em 2005 também teve. Não sei mais o que pode acontecer para evitar que a gente seja campeão ou dispute o campeonato até o final – afirmou.
A fúria dos colorados tem a ver com todo o lance que resultou no pênalti cometido por Víctor Cuesta em Kelvin e convertido por Maxi López. Ainda à beira do campo, Odair reclamou de falta de Werley em Nico López na origem da jogada.
Pelo segundo jogo consecutivo, o presidente Marcelo Medeiros quebrou o protocolo do clube e se manifestou após a partida – algo pouco usual. Inconformado, o mandatário disse que a partida desta sexta “violenta” o futebol brasileiro. E garantiu que irá se mobilizar para que seja utilizado o recurso de vídeo nas rodadas finais do Brasileirão.
– Esse fato suja a história do Vasco, a história deste estádio e violenta o futebol brasileiro. A reclamação não é só do inter. Futebol brasileiro não pode mais viver sem VAR. É preferível que não se tenha esse monte de árbitro dentro de campo. O Inter vai liderar, sim. A partir de amanhã (sábado), vou procurar todos os presidentes dos 20 clubes da Sèrie A para que assinemos um documento e se utilize o VAR nas últimas rodadas – disse o mandatário.