Presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro pede adiamento das Olimpíadas de Tóquio e teme risco aos atletas

O presidente do CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro), Mizael Conrado, afirmou nesta sexta-feira que considera “imperioso” que o COI (Comitê Olímpico Internacional) adie a realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio de 2020 para 2021. O dirigente complementou e acha que a decisão do comitê de manter a data dos eventos – entre julho e setembro deste ano – prejudica a preparação e a saúde dos atletas.

– Com relação aos Jogos de Tóquio, eu entendo que não há qualquer hipótese para sua realização na data prevista. Nós temos qualificações por realizar. No caso do esporte paralímpico, classificações por fazer, atletas impedidos de treinar e, principalmente, um futuro no curto e médio espaço de tempo completamente imprevisível. Eu acredito que não haverá condições para se façam os Jogos. Entendo ainda que seria fundamental um posição imediata do COI (Comitê Olímpico Internacional), que na última semana se manifestou encorajando os atletas a buscarem formas para treinar. Uma mensagem, inclusive, que vai contra o que foi recomendado pela Organização Mundial da Saúde, de que as pessoas devem se isolar. 

Os atletas têm feito o maior sacrifício possível para conseguirem alguma condição para os Jogos imaginando que eles vão acontecer no período correto. Isso tem feito, inclusive, que esses atletas se coloquem em situação de risco, buscando locais onde há pessoas aglomeradas pensando em uma preparação para o maior evento de suas vidas. Por essa razão, acredito ser imperioso que o COI decida pelo adiamento dos Jogos e entendo que o mais seguro e mais razoável é que ele aconteça no ano de 2021, nos mesmos períodos que aconteceriam em 2020. Isso daria tranquilidade para os atletas e nos daria condição de seguir lutando contra essa grande pandemia, nessa grande guerra pela vida – afirmou.

Ele mesmo um ex-atleta do futebol de 5, Mizael reiterou que o CPB acatou as orientações das autoridades brasileiras e da Organização Mundial de Saúde e fechou o Centro Paralímpico Brasileiro, em São Paulo, para atletas, técnicos e seu estafe.

– Aqui no Centro Paralímpico Brasileiro a pista de atletismo, local que costuma estar cheio de atletas e muita atividade, está vazio. Desde segunda-feira encerramos todas as atividades de treinamento e competições visando à segurança dos nossos atletas e para tentar minimizar essa grande pandemia e os efeitos sobre nosso atletas, técnicos e comissões técnicas. É uma medida que vai certamente prejudicar e prejudicar muito o treinamento dos atletas na preparação para os Jogos. Todos sabem que o alto rendimento exige uma periodização muito bem feita e certamente essa interrupção vai trazer muito prejuízo na preparação dos nossos atletas – comentou.

O presidente do CPB entende que o mundo está em “guerra” para combater o novo coronavírus e que esta é a prioridade atualmente. Ele defendeu que a saúde de atletas paralímpicos está em jogo.

– Essa pandemia é um evento sem precedentes no mundo. Uma grande guerra. E no esporte paralímpico nós temos alguns atletas com imunidade baixa. Aqueles atletas tetraplégicos, por exemplo, e que têm maior problema se contraírem esse vírus. Exatamente por conta de sua imunidade.

Na terça-feira, o COI realizou uma reunião com membros de diversas federações internacionais. O presidente Thomas Bach foi firme ao falar sobre a manutenção das Olimpíadas na data inicial de 24 de julho. A entidade máxima do desporto olímpico garantiu que as classificações serão justas, nas pistas, e não políticas, e que trabalhará perto de cada federação ou confederação para coordenar a melhor forma de realizar isso.

Bach tem mantido seu discurso nos últimos dias, o que tem gerado críticas pesadas de atletas como o nadador brasileiro Bruno Fratus.