Com, no mínimo, oito funcionários contaminados com Covid-19, Flamengo tem dilema por volta dos treinos

O baque pela morte do massagista Jorginho não foi o único que estremeceu os bastidores do Flamengo no objetivo de voltar aos treinamentos. Nesta segunda-feira, começaram a ser divulgados os resultados dos exames para Covid-19 entre funcionários do departamento de futebol e, até o início da noite, segundo o GloboEsporte.com apurou, oito já tinham sido informados que testaram positivo.

O procedimento conta com três exames para que o resultado seja o mais preciso possível (dois de sangue e um através da secreção respiratória). Os funcionários informados que testaram positivos serão monitorados até que se esgotem todas as possibilidades.

O panorama torna ainda mais delicada a decisão de retorno da rotina no Ninho do Urubu. O objetivo inicial era voltar com grupos isolados justamente após ter todos os diagnósticos em mãos. O prazo para o resultado é de 72 horas.

Os oito funcionários do departamento afetados pelo coronavírus realizaram os testes na sexta-feira. Como a coleta dos jogadores aconteceu somente no dia seguinte, a expectativa é de que recebam o resultado nesta terça. Até lá, qualquer decisão sobre retorno das atividades está em avaliação.

O clube informa que não vai se posicionar oficialmente até que se tenha o resultado de todos os exames.

Internamente, há um dilema sobre como proceder. O presidente Rodolfo Landim é um dos entusiastas da ideia do retorno dentro das orientações dos órgãos de saúde. Vozes favoráveis contam com o apoio ainda do vice-presidente de relações externas, Luiz Eduardo Baptista, o BAP.

Na noite de domingo, inclusive, o dirigente deixou claro que os decretos emitidos por governo do estado e prefeitura do Rio de Janeiro cabem interpretação e não são suficientes para vetar o retorno. A declaração foi dada em um grupo de WhatsApp administrado pela Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, que conta com representantes de todos os clubes da Série A do Carioca. Em contato com o GloboEsporte.com, BAP não quis comentar o episódio.

Confira abaixo os números da Covid-19 no Rio e no Brasil quando o Flamengo decretou férias e atuais

25 de março

Rio – 370 casos / 8 mortes

Brasil – 2.578 casos / 62 mortes

04 de maio

Rio – 11.139 casos / 1.019 mortes

Brasil – 102.516 casos / 7.171 mortes

O Flamengo entende que seguirá protocolos de isolamento suficientes para garantir a segurança de seus atletas e funcionários. Todos vão entrar no CT por corredores higienizados e cercados de cuidados, já uniformizados e serão espalhados em grupos reduzidos pelos campos do Ninho.

O protocolo indica ainda que os contaminados sejam mantidos em casa para evitar qualquer tipo de contágio. E, em um primeiro momento, este procedimento seria suficiente para manter a integridade de quem voltar ao cotidiano do centro de treinamento.

Respaldado pelo departamento médico, o Flamengo se cerca de cuidados ainda na esfera jurídica. Há uma percepção interna de que alguém terá que assumir a responsabilidade, até mesmo por conta da dubiedade dos posicionamentos das autoridades públicas. E isso só acontecerá com o aval do vice-presidente da pasta, e também vice geral, Rodrigo Dunschee de Abranches.

Com posicionamentos conflitantes internamente, abalado pela morte de Jorginho e ainda diante de, no mínimo, oito casos de Covid-19, o Flamengo reluta em bater o martelo sobre o futuro breve de suas atividades no futebol.