Nepotismo: Prefeitura de Canindé terá que exonerar 12 servidores até o final do mês de maio

“A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidades, até o terceiro grau, inclusive da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração publica direta ou indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a constituição Federal.”

É o que diz a Súmula nº 13 do Supremo Tribunal Federal – STF -, tomada como base para uma recomendação do Ministério Publico Estadual – MPE-, através da Promotoria da Comarca de Canindé de São Francisco, direcionada à Prefeitura. O documento é uma ação preventiva do MPE para que o prefeito, Heleno Silva, PRB, exonere 12 pessoas que ocupam cargos em comissão ou foram contratadas diretamente.

(Reprodução/Internet)
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Isso porque todas essas pessoas possuem parentesco com os vereadores da cidade. “Tomei conhecimento de que existia essa vinculação, que fere a Súmula nº 13 do Supremo Tribunal Federal, e, preventivamente, emiti a recomendação. Caso não seja atendida até o final do mês de maio, vamos instaurar um inquérito”, afirma o promotor Emerson Oliveira de Andrade.

IMPROBIDADE: Nesse possível inquérito, seriam responsabilizados tanto o prefeito, que fez as nomeações, quanto os servidores que foram nomeados irregularmente. “A principio foram 12 servidores. Todos parentes de vereadores”, ressalta Emerson. No entanto, para dar tratamento uniforme, a recomendação é extensiva a qualquer situação contrária aos termos da súmula. “A consequência é a responsabilização por ato de improbidade administrativa”, alerta.

Para evitar isso, a administração de Heleno tem até o fim de maio para enviar ao Ministério Publico os autos de exoneração dos servidores. A recomendação foi enviada dia 16 de abril. No entanto, até a sexta-feira, 24, nenhuma das declarações de parentesco e nenhum atuo de exoneração haviam sido entregue ao Ministério Publico.

Segundo o promotor, esses 12 servidores estão lotados em diversos órgãos, mas há uma concentração maior nas Secretarias de Obras e de Assistência Social. “Eles têm duas categorias: alguns são cargos em comissão e outros são contratados”, revela Emerson.

(Reprodução/Internet)
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FANTASMAS: De acordo com ele, os salários desses servidores serão objeto de investigação posterior. ” Para apurar o dano ao erário publico”, justifica. De qualquer forma, a Prefeitura já está infringindo a súmula do STF. ” O Ministério Público continua com as investigações, e o próximo passo é apurar quanto já foi pago a essas 12 pessoas e, consequentemente, quantificar eventual dano ao erário”, reforça.

Outro ponto que será investigado é se essas pessoas realmente trabalham ou se apenas recebem os salários. Ou seja: se são “servidores fantasmas”. “Há o caso de uma servidora que ocupa cargos públicos em N.S. do Socorro e foi nomeada chefe de setor em Canindé, na Secretaria de Obras. Vamos apurar”, garante Emerson.

Os repórteres do Cinform estiveram em Canindé do São Francisco e tentaram falar com o prefeito, com os vereadores e com a Assessoria de Comunicação da Prefeitura. Mas nenhum deles se manifestou sobre o assunto. Será que, aqui, se aplica a máxima de que quem cala consente?

Por Caderno Municípios do Cinform