Os casos de troca de nomes é uma realidade que avança e a lei já permite em inúmeros casos que a pessoa efetue a troca de seu nome. Nos grandes centros mais de 2.000 pessoas já trocaram de nome, por esta razão, no País. No interior, ainda não é muito comum.
Em Jeremoabo, Esthefany, que antes era Felipe, conseguiu na justiça a troca de seu nome e passa a ser a primeira pessoa trans a trocar de nome no município.
Converso com ela e vou ouvindo sua história:
“Sou natural de Aracaju SE e cheguei em Jeremoabo com cinco anos. Foi aqui que me registrei e moro aqui até hoje. Tenho 34 anos, gosto de malhar e jogar futebol. Desde criança sentia-me diferente. Minha mãe comprava brinquedos para mim e minha irmã, mas sempre gostei das bonecas de minha irmã”.
Um dos grandes problemas nestes casos é a não aceitação da família. Felizmente, para ela a família sempre apoiou. “Nunca tive preconceito de minha família. Perdi meu pai quando era pequena. Ficamos eu, minha irmã e minha mãe, além de minha avó, que sempre, desde cedo me chamavam de Esthefany”.
Quanto ao preconceito Esthefany diz que sofreu muito com o preconceito nas ruas e nunca ficou quieta e manda uma resposta na hora.
Renata é amiga de longa data de Esthefany e conta-me que a mudança não altera sua relação de amizade, pois já sabia que era assim e diz: “desejo que ela curta o sonho que conseguiu realizar e continuamos amigas.”
O processo durou três anos e Dra. Suane, advogada, foi quem realmente fez o processo andar. Hoje, 28.01.2021, celebrou o registro com uma mensagem nas Redes Sociais:
“Há um tempo venho travando uma luta para ser reconhecida pelo sexo que eu me identifico e com o nome que eu escolhi. Não foi fácil, são anos de constrangimento e situações vexatórias/humilhantes. Hoje, 28 de janeiro de 2021, é o dia em que a lei me garantiu o direito de SER EU MESMA, com certidão de nascimento e demais documentos com o nome e sexo que eu escolhi. A todos os desavisados, meu nome é ESTHEFANY REIS, mulher, nordestina e guerreira”.