A ciência pode resgatar uma vida perdida? O exame de DNA que pode mudar uma família indígena

Caso de desaparecimento que pode ser solucionado três décadas depois.

Há trinta anos, uma criança indígena chamada Ângela Silva Rosena foi dada como morta, sem que seu corpo jamais fosse encontrado. Hoje, um exame de DNA pode finalmente desvendar este mistério, reabrindo feridas antigas e oferecendo esperança de um reencontro para uma família separada por décadas.

O mistério do desaparecimento

Em Rodelas, no Território de Identidade Itaparica, Maria das Graças da Silva e sua filha, Auristela Silva Rosena, juntamente com Marluce dos Santos, realizaram um exame de DNA durante a passagem da Unidade Móvel de Atendimento (UMA). O teste tem o potencial de confirmar se Marluce é de fato Ângela, a criança que desapareceu há três décadas.

Maria das Graças recorda a dolorosa lembrança do dia em que Ângela foi internada com pneumonia, anemia aguda e um cisto no cérebro. Maria deixou a filha aos cuidados do hospital e, dias depois, foi informada de que Ângela havia falecido. No entanto, nunca foi apresentado um corpo, nem os pertences da criança, e a ausência de documentos sobre a morte da menina manteve viva a esperança de que Ângela ainda estivesse viva.

A esperança renasce

Anos mais tarde, uma mulher com deficiência intelectual que vivia em Rodelas reconheceu uma amiga de infância de Ângela e perguntou por seus padrinhos e por sua mãe, Maria das Graças, também conhecida como Gaguinha. Esta notícia reacendeu a esperança de que Ângela estivesse viva, e de que a família pudesse se reunir novamente.

Auristela, irmã de Ângela, está ansiosa para colocar fim à dúvida que paira sobre a família. A possibilidade de que Marluce seja Ângela baseia-se na semelhança física entre elas. Para realizar o exame de DNA, Auristela e Maria das Graças viajaram longas distâncias, mostrando o quão determinadas estão em encontrar a verdade.

Esperando o resultado

O resultado do exame de DNA, que deverá estar pronto entre 60 e 90 dias, será entregue por Marcos Batista, servidor responsável pela coleta. O desfecho dessa história tem o potencial de transformar a vida de todas as pessoas envolvidas.

Se o exame de DNA confirmar que Marluce é realmente Ângela, esta será a segunda vez que Auristela reencontra um membro da família. Em 2021, graças às redes sociais, ela conseguiu encontrar o irmão que havia sido levado quando tinha apenas quatro meses de idade.

A história de Marluce

Marluce dos Santos chegou em Rodelas por volta do ano 2000, acompanhada por seu companheiro. Depois de viver em situação de rua, foi acolhida por uma família e, por meio de um processo judicial, recebeu um novo nome e uma data de nascimento estimada. Segundo a advogada Ione Nogueira, que agora cuida do processo de transferência de curatela de Marluce após o falecimento de sua mãe adotiva, Marluce tem deficiência intelectual.

Todos aguardam ansiosos o resultado do exame de DNA. A verdade que ele revelará pode finalmente dar paz a uma família que viveu décadas em dúvida, trazer justiça para Ângela e proporcionar um novo começo para Marluce.