A Amazônia alcançou o maior número de queimadas e incêndios florestais dos últimos 17 anos, de acordo com dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Até o início de dezembro de 2024, foram registrados 137.538 focos de calor, um aumento de 43% em relação a 2023, quando o total foi de 98.646.
O estado do Pará lidera o número de focos, com destaque para os municípios de São Félix do Xingu, Altamira e Novo Progresso. A densa fumaça resultante comprometeu a qualidade do ar em várias cidades, como Santarém, onde a poluição atingiu níveis alarmantes, levando ao decreto de emergência ambiental.
Francisco Sakaguchi, agricultor em Tomé-Açu, Pará, descreveu a situação como a pior que já enfrentou, relatando que a seca extrema e a propagação do fogo trouxeram prejuízos irreparáveis. “Muita gente perdeu tudo”, disse ele.
O Ministério Público Federal (MPF) informou que a poluição em Santarém foi 42,8 vezes superior à diretriz anual da OMS. Entre setembro e novembro, a cidade registrou mais de 6.200 atendimentos médicos relacionados a problemas respiratórios.
O engenheiro florestal Alexandre Tetto destacou que condições climáticas extremas, como baixa umidade e altas temperaturas, contribuíram para o cenário. Segundo ele, a vegetação amazônica, por não ser adaptada ao fogo, sofre impactos mais graves que biomas como o Cerrado.