O termo “zoonoses” pode não ser tão familiar, mas refere-se às doenças transmitidas de animais para humanos. Essas enfermidades podem ser causadas por vírus, bactérias ou parasitas que vivem naturalmente em animais e possuem a capacidade de infectar seres humanos. Alguns exemplos notáveis incluem a dengue, transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, a doença de Chagas, disseminada pelas fezes do inseto barbeiro, a leptospirose, adquirida através da urina de ratos, e até mesmo a peste bubônica, responsável por uma devastadora pandemia na Europa medieval, na qual as pessoas eram infectadas por pulgas de roedores.
Outros casos conhecidos de zoonoses são a gripe aviária, o vírus Ebola e a raiva. Embora ainda não haja uma conclusão definitiva, acredita-se que a COVID-19 também tenha surgido inicialmente de um animal, possivelmente um morcego ou um cão-guaxinim, antes de se espalhar entre humanos.
Um caso recente e incomum de zoonose foi relatado pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos. De acordo com o órgão, uma família inteira foi infectada por vermes parasitas após consumir carne de urso mal cozida em um espeto. O incidente ocorreu em 2022 no estado de Dakota do Sul, mas apenas recentemente foi divulgado.
Apesar de preocupante, esse caso específico não representa uma ameaça de pandemia. As pandemias geralmente são causadas por vírus, que se espalham com maior facilidade de pessoa para pessoa e por via aérea, ao contrário de doenças parasitárias como a triquinelose, adquirida pelo consumo de carne crua contaminada. Nos EUA, relatos dessa enfermidade são raríssimos, com apenas sete surtos e 35 casos registrados entre janeiro de 2016 e dezembro de 2022, a maioria relacionada ao consumo de carne de caça.
De acordo com o Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo, citando a Organização Mundial da Saúde (OMS), três em cada cinco novas doenças humanas que surgem anualmente têm origem animal. Estima-se que existam mais de 200 tipos diferentes de zoonoses, e mais de 60% das doenças infecciosas humanas são originárias de animais. Essa realidade destaca a importância de monitorar e prevenir a transmissão de patógenos entre espécies.