Apagão cibernético global afeta bancos e empresas em vários continentes

Bancos em Hong Kong, Dubai, África do Sul e Londres enfrentaram apagão cibernético, interrompendo operações e forçando funcionários a trabalhar de casa.

Banqueiros de Hong Kong, Dubai, África do Sul e Londres enfrentaram um inesperado apagão cibernético global, que os deixou incapazes de acessar sistemas de computadores, interrompendo operações e forçando muitos a voltar para casa.

Nesta sexta-feira (19), funcionários de grandes bancos como JPMorgan, Nomura e Bank of America não conseguiram fazer login em seus sistemas, encontrando apenas uma tela azul de erro. A Haitong Securities sofreu uma paralisação de cerca de três horas em uma de suas mesas de operações. Na Noruega, o banco central precisou realizar um leilão de liquidez via e-mail e telefone devido a problemas em seu sistema online.

As interrupções foram atribuídas a uma atualização de um software de segurança cibernética da CrowdStrike, amplamente utilizado, que acabou afetando os sistemas da Microsoft. George Kurtz, CEO da CrowdStrike, afirmou que a falha foi identificada e corrigida, ressaltando que não se tratava de um ataque cibernético.

O impacto não se restringiu ao setor bancário, atingindo também sistemas de saúde, companhias aéreas e grandes empresas, incluindo o McDonald’s. Monsur Hussain, chefe de pesquisa de instituições financeiras da Fitch Ratings, comentou sobre a crescente dependência de instituições financeiras em relação a terceiros, destacando que, embora as economias de escala sejam atraentes, elas também podem acarretar riscos sistêmicos.

Relatos sobre os impactos nas empresas foram obtidos através de entrevistas com fontes que preferiram manter o anonimato. O JPMorgan comunicou a alguns clientes que não poderia processar determinadas transações. Apesar de posteriormente mudarem para um servidor de backup, muitos funcionários do escritório de Hong Kong foram liberados para trabalhar de casa pelo restante do dia. Na Nomura, algumas mesas de operações ficaram fora de serviço, mas o banco conseguiu desviar algumas operações para PCs que ainda estavam funcionando.

Hedge funds, que dependem dos bancos para executar e liquidar negociações, também enfrentaram problemas de conectividade e processamento. Enquanto isso, os terminais da Bloomberg continuaram operando normalmente.

No escritório da Balyasny Asset Management em Singapura, a maioria dos computadores da mesa de negociação ficou fora de serviço, impossibilitando o login dos funcionários até o fim da tarde no horário local. A BlackRock também sofreu com a interrupção, embora seus sistemas estivessem começando a se recuperar. O Capitec Bank Holdings, o maior banco da África do Sul em termos de clientes, alertou sobre problemas no sistema em todo o país. No Commercial Bank of Dubai, muitos funcionários não conseguiram acessar seus computadores, forçando o adiamento de reuniões e apresentações.

Representantes do JPMorgan, Bank of America, Haitong, Balyasny, BlackRock e Nomura recusaram-se a comentar, enquanto o Commercial Bank of Dubai não respondeu imediatamente a pedidos de comentário.

O London Stock Exchange Group também foi afetado, com seu serviço RNS — principal meio para anúncios de notícias regulatórias no Reino Unido — enfrentando problemas que impediram a publicação de notícias em seu site, problema que foi posteriormente resolvido. A Autoridade de Conduta Financeira do Reino Unido afirmou estar ciente do problema e trabalhando com empresas afetadas.

O Banco da Inglaterra declarou estar monitorando a situação de perto e mantendo contato com empresas e outras autoridades. O Deutsche Bank informou que seu portal de pesquisa foi impactado, com muitos relatórios de pesquisa aguardando publicação e distribuição. A S&P Global relatou problemas de serviço em várias plataformas globais, incluindo produtos de financiamento de títulos.

Até o momento, o Banco Central Europeu não experimentou impacto direto, mas continua monitorando a situação e está em contato com bancos que reportarem episódios cibernéticos conforme as diretrizes de supervisão.