O ano de 2023 tem sido marcado por um aumento nos casos de infecção pelo vírus da gripe aviária H5N1, especialmente após a doença ter afetado mamíferos, incluindo rebanhos de gado nos Estados Unidos. Embora não haja registro de transmissão entre humanos até agora, eventos recentes, como a infecção grave de um adolescente no Canadá, geram preocupação.
Especialistas alertam que a situação pode mudar rapidamente com uma mutação. Uma análise divulgada na Science no dia 5 revelou que a variante do H5N1 que infectou vacas-leiteiras nos EUA (clado 2.3.4.4b) está a uma mutação de se tornar capaz de se transmitir entre humanos. Os pesquisadores apontam que uma mudança na hemaglutinina do vírus — que é a proteína que permite ao patógeno se ligar às células — pode proporcionar ao H5N1 a capacidade de se espalhar entre pessoas, aumentando o risco de uma nova pandemia.
Se essa alteração acontecer, o vírus poderia mudar seu hospedeiro primário de aves para humanos, facilitando a infecção das células humanas. Segundo Ting-Hui Lin, autor do estudo e pesquisador em doenças infecciosas, “as descobertas demonstram o quão rapidamente esse vírus pode evoluir para reconhecer receptores humanos”.
Apesar de o H5N1 poder infectar humanos sem a mutação, isso ocorre com dificuldade, exigindo contato frequente com animais doentes. Se a mutação ocorrer, a gripe aviária pode ser transmitida como outros vírus da gripe, através de gotículas de saliva ou secreções ao falar ou espirrar. Embora essa mutação ainda não tenha se concretizado, os cientistas alertam que mudanças simples no vírus não são impossíveis e podem acontecer a qualquer momento.