O Censo Demográfico de 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), trouxe dados surpreendentes sobre a população quilombola no Brasil. A Bahia desponta como o estado com a maior quantidade de quilombolas no país, representando um marco histórico, pois é a primeira vez que essa população pôde se autoidentificar. Neste artigo, exploraremos os principais insights do censo e destacaremos as informações mais relevantes sobre a presença dos quilombolas no território baiano.
De acordo com o Censo de 2022, a Bahia abriga uma estimativa de 397.059 quilombolas, o que corresponde a 2,8% da população total do estado, que é de 14.136.417 pessoas. Além disso, a Bahia é lar de cinco das dez cidades com as maiores populações quilombolas do Brasil:
- Senhor do Bonfim (15.999)
- Salvador (15.897)
- Campo Formoso (12.735)
- Feira de Santana (12.190)
- Vitória da Conquista (12.057)
Outro dado relevante é que apenas um pouco mais de 5% dos quilombolas da Bahia vivem em territórios quilombolas demarcados, enquanto quase 95% residem fora dessas áreas delimitadas.
Embora o IBGE tenha identificado quilombolas em aproximadamente 1,7 mil cidades no Brasil, muitas delas possuem pouquíssimos representantes autodeclarados. Mais da metade dessas cidades contam com menos de 200 quilombolas, representando menos de 0,9% da população local.
Por outro lado, existe uma notável concentração de quilombolas em alguns municípios específicos, sendo que 110 cidades concentram 50% da população quilombola do país. A Bahia lidera essa concentração, com 40 dessas cidades, seguida pelo Maranhão (32) e Pará (14).
O Censo de 2022 evidencia a relevância histórica e cultural dos quilombos na Bahia e no Brasil. A presença dessas comunidades remonta a um período pré-histórico, com destaque para a Caverna da Barriguda, onde foram encontrados diversos fósseis de animais de épocas passadas.
Além da valorização cultural, o censo também revela a importância de assegurar direitos e territórios às comunidades quilombolas. Exemplo disso é o Quilombo Rio dos Macacos, que obteve a titulação de suas terras após décadas de disputa territorial.
As lideranças quilombolas comemoraram a parceria com o IBGE, enfatizando que a inclusão do quesito quilombola no Censo 2022 é uma vitória para o povo quilombola, uma vez que agora há dados que fundamentam suas necessidades e direitos. Entretanto, ainda há desafios a serem enfrentados para garantir o respeito e a preservação das comunidades quilombolas.