A Bahia é o estado brasileiro com a maior concentração de quilombolas, 397.502 pessoas se autodeclararam como parte desta comunidade, correspondendo a 2,8% da população estadual, conforme revelado pelo Censo de 2022 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este Censo marcou a primeira vez que um recorte específico foi feito para essa população, destacando-se que, diferentemente da distribuição demográfica geral, há uma maior proporção de homens e jovens nos territórios quilombolas.
Os quilombolas são descendentes dos habitantes dos quilombos, refúgios estabelecidos por escravizados que fugiam da opressão entre os séculos XVI e XIX. Atualmente, esses grupos são predominantemente compostos por afrodescendentes que mantêm viva a sua cultura ancestral. No estado, 48 territórios quilombolas são oficialmente reconhecidos, sendo Tijuaçu o maior deles, abrigando 2.865 pessoas.
A distribuição por sexo e idade nos territórios quilombolas apresenta características distintas, com homens representando 50,4% da população e 30,1% dos habitantes em idade escolar. A predominância de jovens e homens pode indicar uma migração mais intensa de mulheres para áreas urbanas e uma maior mortalidade materna em comparação com outros segmentos da população.
Este levantamento também lança luz sobre os desafios enfrentados por essas comunidades, incluindo violência e a falta de proteção estatal, como evidenciado pelo relato de Rejane Rodrigues, líder do Quilombo Quingoma, que foi forçada a deixar sua terra devido a ameaças de morte relacionadas à sua luta contra o desmatamento.
As informações coletadas pelo Censo são cruciais para a formulação de políticas públicas mais eficazes. Daiane Ciriáco, geógrafa do IBGE, enfatiza a importância de incluir esses grupos nos dados nacionais para evitar sua exclusão das políticas públicas. O estado da Bahia lidera na quantidade de quilombolas, seguido pelo Maranhão, Pará e Minas Gerais, totalizando 1.330.186 quilombolas registrados em todo o Brasil.