O dólar à vista subiu significativamente, fechando com alta de 1,42% e alcançando R$ 5,324 nesta sexta-feira (7/6). Este valor é o mais alto desde janeiro de 2023, resultando em um aumento acumulado de 9,72% no ano frente ao real.
Paralelamente, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira (B3), registrou uma queda de 1,73%, fechando em 120.767 pontos. Essa queda contribuiu para uma desvalorização acumulada de 1,09% na semana e de 10% no ano.
Analistas apontam que esses movimentos foram influenciados pelos dados de emprego dos Estados Unidos, divulgados na manhã desta sexta-feira. O Departamento de Trabalho dos EUA reportou a criação de 272 mil novas vagas em maio, superando a revisão de abril, que havia registrado 165 mil empregos, e ultrapassando as expectativas dos analistas, que previam 190 mil novos postos. Este número também foi superior à média de 12 meses, que estava em 232 mil.
Esses indicadores sugerem uma economia americana aquecida, impactando fortemente os mercados globais. Isso se deve ao fato de que o Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, pode adiar a redução das taxas de juros, atualmente entre 5,25% e 5,50%, o nível mais alto desde 2001. Juros elevados tornam os títulos da dívida americana (Treasuries) mais atraentes, diminuindo o interesse por ativos de maior risco, como ações, especialmente em mercados emergentes como o Brasil. Este cenário também pressiona a alta do dólar.
Andre Fernandes, especialista em renda variável e sócio da A7 Capital, comenta que as expectativas de cortes de juros pelo Fed este ano diminuíram. Agora, projeta-se apenas uma redução em 2024. Segundo Fernandes, os números de emprego nos EUA “desfazem o otimismo do mercado” gerado pelo início dos cortes de juros pelo Banco Central Europeu (BCE) na quinta-feira (6/6). “Isso afeta especialmente os países emergentes, que observam uma saída de investidores estrangeiros, mantendo o pessimismo dos últimos dias,” explica o analista.
No mercado de ações, poucas empresas apresentaram alta no Ibovespa. Embraer destacou-se positivamente devido ao aumento na produção de aviões cargueiros, e a Suzano, como exportadora, beneficiou-se da valorização do dólar. Em contrapartida, ações sensíveis a mudanças nas taxas de juros, como Locaweb (LWSA3), Magalu (MGLU3) e Azul (AZUL4), sofreram as maiores quedas. Fernandes observa que os altos juros nos EUA complicam o cenário para o Banco Central do Brasil, limitando as possibilidades de redução da taxa Selic.