Nos últimos quatro anos, os brasileiros têm sido incessantemente bombardeados por ligações indesejadas, conhecidas como spam. Segundo um levantamento da Truecaller, o Brasil ostenta o título pouco desejável de campeão mundial de chamadas deste tipo. Mas a Anatel está se movendo para combater esse incômodo. Uma proposta chave? A implementação de um código único, o 304, para identificar essas chamadas.
O estudo recente não deixa dúvidas: com uma média de 32,9 ligações de spam por usuário, por mês, o Brasil lidera o ranking, superando significativamente o segundo colocado, o Peru, que registra 18,02 chamadas por usuário mensalmente. Essa lacuna notável ilustra o quão crítica é a situação no Brasil.
Mas o que está por trás desses números? A pesquisa da Truecaller categoriza o spam em três tipos principais:
- Sistemas Financeiros: Representando 44% de todas as chamadas de spam, aqui estão incluídas ligações de bancos, empresas de cartões de crédito, seguradoras e agências de cobrança.
- Vendas: Com uma fatia de 39%, este grupo abrange ligações de telemarketing sem consentimento prévio do usuário, chamadas de operadoras de celular, promoções empresariais e até ligações políticas.
- Golpes: Estas chamadas, que somam 16,9%, são associadas a fraudes, esquemas para desviar dinheiro e tentativas de phishing.
Uma revelação surpreendente veio do ex-conselheiro da Anatel, Emmanoel Campello. Ele destacou que, ao analisar o volume de chamadas curtas no Brasil, as atividades de cobrança são tão ou mais intrusivas do que as de telemarketing.
A Anatel, reconhecendo a gravidade do problema, está avaliando a implementação do código 304 para identificar especificamente ligações de cobrança. No entanto, a agência está buscando a opinião da sociedade e do mercado para guiar suas ações. Por isso, uma consulta pública estará aberta até o dia 9 de setembro de 2023.