À medida que o Brasil se aproxima de 2024, especialistas na área da saúde estão emitindo um alarme sobre uma potencial crise de dengue no país, com estimativas que apontam para cerca de 4,2 milhões de casos, colocando este ano como um possivel período recorde para a doença. Essa previsão significa quase o triplo do número de infecções registradas no ano passado, marcando um aumento significativo e preocupante na incidência dessa enfermidade viral transmitida por mosquitos.
A dengue é uma condição que não apenas desafia a saúde pública devido à sua capacidade de se manifestar em quatro sorotipos distintos, mas também pelo fato de uma pessoa ser suscetível a infecções múltiplas ao longo da vida, cada uma podendo variar em gravidade. A circulação contínua dos sorotipos 1 e 2 da dengue no Brasil, somada ao retorno previsto da dengue tipos 3 e 4 – considerados mais virulentos e atualmente menos conhecidos pela população devido a uma ausência de mais de dez anos – contribui para o espectro de um aumento preocupante dos casos. Essa situação é particularmente alarmante, dado que partes significativas da população podem não ter imunidade contra esses sorotipos mais raros, o que exacerba o risco de surtos de dengue mais sérios.
A previsão de um pico na incidência da dengue, possivelmente ocorrendo entre maio e abril, está intrinsecamente ligada às condições climáticas, como a umidade e o calor, que facilitam a reprodução dos mosquitos Aedes aegypti, transmissores da doença. Estações chuvosas e temperaturas elevadas criam o ambiente perfeito para que esses vetores floresçam e, consequentemente, para o aumento da transmissão da dengue. Vale ressaltar que fenômenos climáticos como o El Niño, que afetam padrões de temperatura e precipitação, podem influenciar diretamente na dinâmica do mosquito e, por extensão, na incidência da dengue.
O Brasil já declarou emergência em saúde pública em várias regiões devido ao aumento da dengue, e as autoridades de saúde, juntamente com especialistas, estão recomendando medidas de prevenção como o uso regular de repelentes para minimizar o risco de picadas de mosquitos. Além disso, com mais de 740 mil casos prováveis já relatados e um aumento significativo no número de mortes em comparação com o ano anterior, a situação reforça a necessidade urgente de medidas preventivas abrangentes, incluindo campanhas de vacinação, especialmente entre as populações mais jovens, que podem ser particularmente vulneráveis aos sorotipos em retorno.
Com a dengue representando um desafio contínuo para o Brasil, o foco está em mitigar o impacto dessa doença através da conscientização, educação sobre medidas preventivas, e esforços concentrados para controlar a população de mosquitos, além de pesquisas contínuas para desenvolver estratégias eficazes de prevenção e tratamento.
