Em um avanço tecnológico e sustentável que pode revolucionar os processos de purificação, cientistas da renomada Universidade Estadual Paulista (Unesp) descobriram uma nova abordagem para limpar água contaminada. Publicado na prestigiosa revista Pure and Applied Chemistry, o estudo destaca o uso inovador do bagaço da cana-de-açúcar, uma matéria-prima abundante no Brasil.
A técnica envolve as fibras de celulose deste bagaço. De acordo com a pesquisa divulgada pela Agência FAPESP, estas fibras têm a capacidade de reter moléculas de glifosato, um herbicida amplamente utilizado, mas associado a riscos para a saúde, incluindo o aumento da probabilidade de desenvolvimento de câncer. O potencial impacto desta descoberta é imenso: atualmente, são usadas impressionantes 173.150,75 toneladas de glifosato por ano no Brasil.
Ao otimizar o processo e funcionalizar as fibras de celulose, a equipe de pesquisa conseguiu agregar grupos de amônia quaternária. Este processo transforma a celulose em microfibras catiônicas (cCMF – cationic cellulose microfibers) que se ligam eficazmente ao glifosato. Os resultados obtidos são promissores, indicando um avanço significativo na remoção do contaminante da água.
Mas essa não é a única inovação brasileira na área de purificação de água. Em um esforço contínuo para tornar a água segura para todos, uma startup nacional recentemente projetou o PW5660, um dispositivo que pode purificar até 5.760 litros de água diariamente, eliminando vírus e bactérias. E ainda, pesquisadores da USP inovaram ao criar um sensor feito de grafite e nanopartículas de prata que detecta poluentes na água, e um dispositivo portátil que avalia a qualidade da água da torneira em casa.