Carnaval impulsiona renda de vendedores ambulantes no Brasil: “13º salário”

O carnaval se revela o "13º salário" dos ambulantes, com faturamento de até R$2 mil por dia, vital para despesas anuais.

A festividade do carnaval, reconhecida por seus desfiles e blocos que enchem as ruas de alegria e cor, é também um período de significativa importância econômica para os vendedores ambulantes do Brasil. Segundo Maria do Carmo, também conhecida como Maria dos Camelôs, fundadora e coordenadora-geral do Movimento Unido dos Camelôs (Muca), essa época é considerada o “13º salário” para os trabalhadores da categoria. A afirmação ressalta o carnaval como uma oportunidade para esses profissionais arrecadarem fundos extras para despesas como IPVA, IPTU, material escolar, entre outros.

Em meio aos festejos, Maria, que vende caipirinha nas ladeiras do bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, destaca que, em dias de grande movimento, é possível obter um faturamento entre R$ 1,5 mil e R$ 2 mil. Essa renda extra vem de cerca de 10 horas de trabalho diário, podendo se estender se a demanda assim exigir. A ambulante salienta o baixo custo de investimento nos produtos vendidos e a relevância do carnaval para aumentar a renda.

Outra vendedora ambulante, Cristina de Oliveira, muda o foco de seus produtos para itens carnavalescos durante a temporada, oferecendo adereços e partes de fantasias em sua barraca em Copacabana. Com mais de duas décadas de experiência, Cristina testemunha o carnaval como o período mais lucrativo do ano, permitindo-lhe inclusive custear a educação de sua filha.

A economia carioca se beneficia significativamente com o carnaval, estimando-se um movimento de R$ 5 bilhões em 2024. Entretanto, a concorrência crescente entre os camelôs representa um desafio, conforme observado tanto por Maria quanto por Cristina. A luta por espaços e a divisão da clientela afetam as expectativas de faturamento individual.

A Riotur e a Secretaria de Ordem Pública (Seop) organizam o cadastramento e a seleção dos vendedores ambulantes para o carnaval, com este ano registrando 15 mil credenciados. Apesar da demanda do Muca por prioridade aos ambulantes regulares, o sistema atual não prevê cadastro permanente, e a Seop anunciou vagas específicas para atuação no entorno do sambódromo, além de operações de fiscalização para garantir a ordem e coibir irregularidades.

Maria do Carmo, ao descrever os camelôs como “garçons da festa”, sublinha a importância desses trabalhadores para o sucesso dos blocos de carnaval, apesar das adversidades enfrentadas, como a falta de benefícios trabalhistas. Iniciativas como a publicação de uma cartilha pelo Muca visam promover a organização e a segurança durante os desfiles, enfatizando a contribuição vital dos camelôs para a festividade e a ordem pública.