Em um momento de alerta para a proliferação da dengue, pesquisadores brasileiros e americanos trazem luz ao entendimento do vírus chikungunya, transmitido pelo mesmo vetor, o mosquito Aedes aegypti. Publicado recentemente na Cell Host & Microbe, o estudo revela detalhes assustadores de como o chikungunya pode afetar o corpo humano, conduzindo, em casos extremos, à morte.
Os pesquisadores analisaram diversas amostras provenientes de indivíduos infectados, incluindo soro sanguíneo e tecidos de órgãos vitais. Foram estudados casos de 32 pacientes falecidos devido ao vírus, além de 39 que sobreviveram à infecção e 15 voluntários saudáveis para comparação. A pesquisa indicou que o chikungunya não apenas circula pelo sangue, mas também é capaz de atacar diferentes órgãos e atravessar a barreira hematoencefálica, que protege o sistema nervoso.
A morte causada pelo chikungunya, segundo os resultados, pode ser decorrente de severas alterações na coagulação sanguínea, diminuição de proteínas essenciais e acúmulo de fluidos. Além disso, o vírus estimula uma resposta inflamatória exagerada, aumentando significativamente os níveis de certas citocinas, e pode levar a danos neurológicos severos.
Os sintomas típicos incluem febre, dores articulares intensas, edema, dor nas costas e musculares, além de manchas vermelhas na pele. Em casos mais graves, pode ocorrer uma doença neuroinvasiva, resultando em condições como encefalite e síndrome de Guillain-Barré. O Ministério da Saúde ressalta a importância de reconhecer esses sinais e procura imediata de assistência médica.
Compreender esses mecanismos biológicos é crucial para desenvolver estratégias eficazes de combate ao vírus, segundo os cientistas envolvidos no estudo. Eles enfatizam a necessidade de preparo das equipes de saúde pública, incluindo vigilância genômica e sorológica, e atenção a complicações cardíacas e neurológicas que podem ser fatais.
Por fim, uma nota positiva: existe uma vacina contra o chikungunya desenvolvida pela empresa francesa Valneva. Aprovada pela FDA, a vacina demonstrou ser eficaz, gerando resposta imune em 98,9% dos indivíduos testados nos estudos clínicos.