Para reanimar o mercado de automóveis zero-quilômetro, particularmente na faixa de preço até R$ 120 mil, considerada “popular”, o governo federal separou R$ 500 milhões em incentivos fiscais. Com o objetivo de oferecer descontos aos clientes, cerca de R$ 320 milhões já foram consumidos desses incentivos, dos quais quase 50% (R$ 130 milhões) foram para apenas duas montadoras: Fiat e Jeep. Mas o que explica essa discrepância? Por que a Fiat e a Jeep foram tão bem-sucedidas na captação desses incentivos? Vamos descobrir.
A competência como fator-chave
Segundo especialistas consultados pelo UOL, a explicação reside na “competência”. O diretor de desenvolvimento de negócios da consultoria Jato do Brasil, Milad Kalume Neto, destacou que o grupo Stellantis, ao qual pertencem as marcas Fiat e Jeep, foi capaz de alcançar a dianteira, respondendo por impressionantes 26,67% do total em apenas 15 dias desde o início do plano do governo. Desses, 24% correspondem apenas a carros da Fiat e da Jeep.
Kalume Neto salientou que a Fiat, a Jeep e as demais marcas do grupo Stellantis “atuaram de maneira competente” na divulgação dos descontos oferecidos em seus veículos, atraindo um grande público para as concessionárias e garantindo um volume expressivo de vendas.
A estratégia das montadoras rivais
Entretanto, a competência não é a única explicação. Segundo Kalume Neto, uma “ajuda”, mesmo que indireta, das marcas rivais foi essencial. Marcas como Honda, Nissan e Toyota possuem poucos modelos que se enquadram na categoria de descontos, ou seja, carros com preço máximo de R$ 120 mil.
Além disso, montadoras como Volkswagen e GM, concorrentes diretas da Fiat, concentraram os benefícios em uma gama limitada de veículos, como Polo, T-Cross, Onix e Onix Plus. Essa limitação na aplicação dos descontos pode ter contribuído para que o grupo Stellantis se destacasse.
Um fator adicional importante é que o Diário Oficial da União estendeu, na última terça-feira (20), a exclusividade dos benefícios para compra de carros com desconto para pessoas físicas por mais 15 dias. Lojas e locadoras só poderão aproveitar as medidas na compra de veículos comerciais leves ou pesados no momento.