Cromossomo Y em risco de extinção: futuro da humanidade pode ser salvo por novo gene sexual
Uma mudança silenciosa está em curso no DNA humano, com o cromossomo Y, responsável pela determinação do sexo masculino, enfrentando um desgaste gradual que, se continuar, pode levar à sua extinção em milhares de anos. Pesquisas indicam que esse cenário alarmante poderia resultar na extinção da espécie humana. Contudo, há uma luz no fim do túnel: a possibilidade de desenvolvimento de um novo gene sexual, uma adaptação já observada em algumas espécies de roedores.
O cromossomo Y, embora pequeno e contendo poucos genes, é vital na formação das características masculinas. Ele abriga o gene SRY, essencial para o início do desenvolvimento masculino. Por volta da 12ª semana de gestação, o SRY ativa outros genes que são responsáveis pela formação dos testículos, que, por sua vez, produzem hormônios masculinos como a testosterona. Sem o cromossomo Y, os embriões não conseguem desenvolver características masculinas, o que implica que a ausência desse cromossomo levaria à extinção dos homens, já que a reprodução humana depende da presença do sexo masculino.
A tendência de desaparecimento do cromossomo Y foi identificada através da comparação da evolução de mamíferos com genes sexuais semelhantes. Enquanto as mulheres possuem dois cromossomos X, os homens têm um X e um Y. Em algumas espécies, como o ornitorrinco, os cromossomos sexuais são particularmente semelhantes, o que sugere um processo evolutivo que levou à diferenciação dos cromossomos X e Y. Estima-se que, ao longo de 166 milhões de anos, o cromossomo Y humano tenha perdido entre 900 a 55 genes ativos, com uma média de cinco genes perdidos a cada milhão de anos. Se essa tendência continuar, os genes restantes podem desaparecer em cerca de 11 milhões de anos.
Apesar desse cenário preocupante, a extinção humana pode não ser inevitável. O surgimento de um novo gene sexual poderia garantir a continuidade da espécie. Esse fenômeno já foi documentado em duas linhagens de roedores, os ratos-toupeira da Europa Oriental e os ratos-espinhosos do Japão, que desenvolveram adaptações que permitiram a sobrevivência mesmo sem o cromossomo Y. Um estudo conduzido na Universidade de Hokkaido revelou que, nos ratos-espinhosos, alguns genes do Y foram transferidos para outros cromossomos, embora o SRY não tenha sido encontrado. Os pesquisadores descobriram uma duplicação de DNA no cromossomo 3, próximo do gene SOX9, que pode desempenhar um papel similar ao do SRY, ativando a determinação do sexo masculino sem a necessidade do cromossomo Y.
Portanto, mesmo que o futuro da humanidade apresente incertezas, a possibilidade de adaptação genética pode abrir caminho para a continuidade da espécie, seguindo o exemplo observado em algumas espécies de roedores.