O mesotelioma pleural, um câncer raro que afeta a pleura (um tecido fino que reveste o pulmão), tem sido um desafio para médicos e pesquisadores. Originando-se pela exposição ao amianto, um material hoje proibido em muitos países incluindo o Brasil, este câncer é notoriamente agressivo. No entanto, uma inovadora descoberta da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) apresenta novas esperanças em termos de tratamento e previsão de mortalidade.
Os pesquisadores da FM-USP identificaram que pacientes que não passaram por cirurgia e apresentam baixa expressão da proteína mesotelina possuem até três vezes maior risco de morte. Este achado não só ajuda a entender melhor a evolução da doença mas também pode guiar o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes no futuro.
Como o câncer se desenvolve?
A exposição ao asbesto (amianto) danifica as células da pleura. Em resposta, os macrófagos, que são células do sistema imunológico, tentam reparar o dano mas acabam promovendo uma inflamação crônica. Isso, por sua vez, faz com que as células mesoteliais cresçam descontroladamente, levando ao desenvolvimento do mesotelioma pleural.
Tipicamente, a doença se manifesta após os 50 anos de idade, afetando primordialmente homens que trabalharam com materiais contendo amianto, como caixas d’água, telhas e pisos.
A pesquisa e suas descobertas
Em seu estudo, apoiado pela FAPESP, a equipe utilizou o software QuPath para analisar 82 amostras cirúrgicas e biópsias de pacientes afetados pelo câncer. Eles empregaram técnicas de imuno-histoquímica para identificar a expressão dos biomarcadores mesotelina e PD-L1.
As lâminas dessas amostras foram digitalizadas e examinadas minuciosamente pelo QuPath, que quantificou a presença destes marcadores. Os resultados salientaram a relevância da mesotelina e sugeriram um potencial terapêutico significativo para combinações de tratamentos envolvendo este biomarcador e o PD-L1. Os estudos prosseguem para aprofundar o entendimento sobre essa interação.
Com essas descobertas, publicadas na revista Frontiers in Immunology, a pesquisa brasileira abre um novo caminho para salvar vidas e alivar o sofrimento de inúmeros pacientes enfrentando este perigoso câncer.