Descobertas de pesquisadores da USP revelam predominância de dinossauros carnívoros na América do Sul há 70 milhões de anos

Descoberta na USP: dentes de abelissauros revelam predomínio desses dinossauros na América do Sul há 70 milhões de anos.

dinossauros

Imagine descobrir que, há 70 milhões de anos atrás, as terras que hoje formam parte do Brasil, Argentina, Paraguai e outras regiões da América do Sul eram dominadas por criaturas ferozes e gigantescas. Não estamos falando de um enredo de filme de ficção científica, mas sim das descobertas recentes feitas por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), que trazem à luz novas informações sobre a fauna de dinossauros da época.

A região central da América do Sul, especialmente a área conhecida como Bacia de Bauru, tem sido uma caixa de surpresas para a paleontologia. Até agora, muito do que se conhece sobre dinossauros na América do Sul provém de lugares como a Argentina e a Patagônia. No entanto, a equipe da USP decidiu explorar mais a fundo essa região pouco estudada, e o que eles encontraram foi extraordinário.

Através da análise cuidadosa de 179 dentes de dinossauro isolados, encontrados na referida bacia, os pesquisadores conseguiram identificar uma predominância de dinossauros carnívoros, mais especificamente dos abelissauros. Estas criaturas, que podiam alcançar até 7,9 metros de altura, eram os predadores top do seu ecossistema, ocupando o ápice da cadeia alimentar.

Duas hipóteses principais foram levantadas para explicar a abundância de registros desses dinossauros na região. A primeira sugere que, devido à natureza da dieta carnívora, envolvendo o consumo de presas com carne dura, esses dinossauros estavam mais propensos a perder dentes. A segunda hipótese foca no clima semárido que prevalecia na época, propondo que esses dinossauros se adaptaram de forma excepcional a essas condições climáticas, enquanto outros grupos buscavam ambientes mais propícios em outras partes.

Essa pesquisa, publicada na prestigiada revista Zoological Journal of the Linnean Society, não apenas reescreve o que sabíamos sobre os ecossistemas cretáceos da América do Sul mas também demonstra a importância de revisitar e reavaliar evidências paleontológicas com novas técnicas e perspectivas.

Ao utilizar metodologias de análise discriminante, filogenética e comparação morfológica, os pesquisadores puderam afirmar com confiança que os dentes analisados pertenciam, de fato, a abelissauros. Esta descoberta amplia nosso conhecimento sobre a distribuição e a diversidade de dinossauros nessa região do mundo, ao mesmo tempo que destaca o papel significativo dos abelissauros no período Cretáceo da América do Sul.

Essas descobertas nos fazem refletir sobre a importância de continuar explorando, estudando e, em muitos casos, redescobrindo o passado do nosso planeta. Cada fóssil traz consigo uma história à espera de ser contada, com o potencial de mudar nossa compreensão sobre a Terra e as criaturas que nela habitaram muito antes de nós. Como os dinossauros, cada descoberta paleontológica deixa sua marca na história, nos lembrando da constante evolução da vida e do conhecimento humano.