Descoberto fóssil único de lula vampiro de 183 milhões de anos com presas em Luxemburgo

Descoberta única: fóssil de lula vampiro de 183 milhões de anos com presas ainda à boca revelado.

lula vampiro

Imagine-se mergulhando nas profundezas enigmáticas do oceano, retrocedendo 183 milhões de anos no tempo, para descobrir segredos guardados sob camadas de calcário. Recentemente, um trio de paleobiólogos realizou exatamente isso, ao desvendar um achado fascinante em Bascharage, Luxemburgo. A descoberta centra-se em um fóssil excepcionalmente preservado de uma lula vampiro da era Jurássica, baptizada como “Simoniteuthis michaelyi”, uma espécie até então desconhecida e totalmente extinta.

Este fóssil de 38 centímetros não é um achado cotidiano; é um portal para um passado remoto, com seus tecidos moles, incluindo globos oculares e tecido muscular, incrivelmente preservados em calcário. O que impulsiona este achado ao limiar do extraordinário não é apenas a sua conservação impecável, mas também a presença de restos mortais de dois peixes localizados de forma estratégica perto da boca da lula vampiro. Tais vestígios oferecem pistas inestimáveis sobre os hábitos alimentares da criatura.

Mas o que exatamente é uma lula vampiro? Apesar do nome sugerir algo saído de uma história de terror, esses seres são pequenos cefalópodes intimamente relacionados aos polvos. As lulas vampiros do passado habitavam as profundezas e superfícies dos oceanos globais durante o Jurássico. Nos dias de hoje, apenas uma espécie sobrevive, conhecida como “Vampyroteuthis infernalis”, caracterizando-se por sua pele vermelha escura e olhos vermelhos brilhantes. A aparência é única, com seus oito braços ligados por uma membrana que forma uma espécie de rede.

Curiosamente, ao contrário dos seus contemporâneos e antecessores comumente encontrados, esse fóssil específico apresenta somente quatro pares de braços, uma configuração rara entre os fósseis dessa ordem. Esta particularidade suscita questionamentos sobre a evolução dessa espécie e o uso de seus membros na predação.

Restos fósseis tão bem preservados como este são raridades, com alguns dos exemplos mais notáveis formando-se em momentos em que os níveis de oxigênio nos oceanos eram escassos. Esta condição hipóxica do ambiente não só impediu a decomposição dos restos mortais como também preveniu que fossem devorados por outros animais. Consequentemente, quando essa lula vampiro se aquietou nas profundezas desprovidas de oxigênio, ficou enterrada e protegida da decomposição e dos elementos por milhões de anos.

A investigação que levou à descoberta e análise deste fóssil único foi meticulosamente documentada e publicada no “Swiss Journal of Palaeontology”. Tal achado não só enriquece nosso entendimento da vida marinha pré-histórica como também ilumina o caminho para futuras descobertas que possam desvendar os mistérios ainda ocultos no fundo do mar.