Efeitos das temperaturas extremas no desenvolvimento cerebral infantil estão ligados a condições socioeconômicas.

Clima extremo afeta o cérebro infantil, impactando substância branca e destacando vulnerabilidade de crianças em áreas desfavorecidas, revela ISGlobal.

As mudanças climáticas estão cada vez mais no foco de atenção global, especialmente quanto aos seus impactos na saúde. Embora já seja conhecido que adultos sofrem com condições climáticas extremas, pouco se fala sobre as crianças. Pesquisadores do Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal) decidiram investigar os efeitos de temperaturas extremas no desenvolvimento cerebral infantil, com destaque para as influências de temperaturas muito altas ou baixas.

O estudo conduzido pelo ISGlobal revelou que tanto o calor excessivo quanto o frio intenso podem prejudicar o desenvolvimento do cérebro das crianças, afetando particularmente a substância branca. Esta região do cérebro é crucial para a comunicação entre diferentes áreas cerebrais. Além das condições climáticas, a pesquisa também levou em conta aspectos socioeconômicos e identificou que crianças de áreas com menos recursos econômicos estão mais expostas aos efeitos negativos das temperaturas extremas.

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A sensibilidade dessas crianças às temperaturas extremas foi similar à da população em geral, mas a vulnerabilidade manifestou-se mais precocemente. Essa diferença pode ser atribuída às condições de moradia precárias e à falta de acesso a sistemas modernos de energia. Conforme destacou Mònica Guxens, líder da pesquisa, os fetos e as crianças são especialmente vulneráveis às mudanças climáticas. Ela ressalta a necessidade urgente de implementar estratégias de saúde pública que protejam as comunidades mais pobres.

Os efeitos das temperaturas extremas no desenvolvimento cerebral podem estar ligados à qualidade do sono, frequentemente comprometida em ambientes com temperaturas inadequadas. Além disso, fatores como problemas placentários, aumento dos níveis de cortisol e processos inflamatórios também podem desempenhar um papel significativo. No entanto, ainda não há respostas definitivas sobre todos os mecanismos envolvidos.