Especialistas debatem a hipótese de que vivemos em uma simulação realista

Especialistas debatem se vivemos em uma simulação, com a teoria de Thomas Campbell desafiando noções científicas, mas sem evidências concretas.

Estaríamos vivendo em uma realidade simulada? Crédito: canbedone - Shutterstock

Especialistas discutem a possibilidade de vivermos em uma simulação

A proposição de que a realidade como a conhecemos pode ser uma simulação tem gerado debates intensos entre estudiosos. A ideia, defendida pelo pesquisador Thomas Campbell, sugere que nossa consciência é fundamental na formação da realidade, semelhante a conceitos explorados no cinema, como em “Matrix”. Campbell já arrecadou quase R$1 milhão para desenvolver investigações que respaldariam sua teoria, mas muitos cientistas criticam a falta de evidências concretas que sustentem essa hipótese.

Campbell argumenta que o Universo funcionaria como um jogo de videogame, onde a realidade é “renderizada” conforme a percepção humana. Essa noção, no entanto, enfrenta resistência. Odylio Denys de Aguiar, físico e laureado com o Nobel de 2017, reitera que a ideia de que o Universo apenas se manifesta na presença do observador ignora aspectos fundamentais da ciência e da história do cosmos.

A noção de que vivemos em uma simulação não é nova, tendo surgido em discussões nos anos 1970 e sendo popularizada em 2003 pelo filósofo Nick Bostrom. Desde então, figuras como Elon Musk também têm apoiado a teoria. Contudo, essa suposição não evoluiu para um modelo científico robusto ao longo dos anos.

Campbell propõe um experimento fundamentado em princípios da mecânica quântica para respaldar sua teoria, buscando demonstrar que a consciência pode alterar a realidade observável. Entretanto, Roberto Baginski Batista, físico da Sociedade Brasileira de Física, questiona a metodologia do experimento, apontando que as premissas não sustentam a ideia de que vivemos em uma simulação.

Embora a hipótese de uma realidade simulada seja intrigante, especialistas a consideram mais uma reflexão filosófica do que uma teoria científica estabelecida. O cuidado ao discutir tais ideias é fundamental, pois elas podem facilmente se desviar dos princípios científicos, aproximando-se de noções místicas.

O neurocientista e futurista Álvaro Machado Dias destaca que, apesar da ideia ser pouco consistente do ponto de vista científico, sua origem está mais ligada à filosofia. Questões sobre a natureza da realidade têm sido debatidas ao longo da história, levantando a possibilidade de que a percepção humana não reflita o verdadeiro estado das coisas. A recente discussão sobre a simulação levanta questões sobre a busca por lucros em teorias que carecem de base científica.