A cidade de São Paulo registrou até o dia 1º de novembro de 2023, um total de 12.663 casos de dengue, representando um aumento de 9% em relação ao mesmo período de 2022, que teve 11.607 casos. Este número já ultrapassa a soma total de casos registrados durante todo o ano passado, que foi de 11.920.
Outubro de 2023 se destacou com o maior número de casos novos (256) para o mês desde 2015. Infectologistas como Júlio Croda, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, e Carlos Magno Fortaleza expressam preocupação com a possibilidade de uma epidemia em 2024, especialmente devido ao sorotipo 3 do vírus, já identificado no Norte do país.
Os especialistas alertam para o impacto do fenômeno El Niño e do aumento global das temperaturas no ciclo de vida do vetor da dengue, agravando a situação no período epidêmico de verão. “Nós nunca tivemos tantos casos de dengue no período interepidêmico”, afirma Croda, prevendo um verão difícil com potencial aumento de casos e óbitos.
A necessidade de um plano de contingência para 2024 é defendida por Croda, visando preparar os profissionais de saúde para atender casos graves, além de organizar os fluxos de internação e providenciar locais para hidratação e atendimento. Esse plano é considerado crucial, principalmente para o Sul do Brasil, onde há um crescimento da doença e os serviços de saúde não estão acostumados com esse tipo de paciente.
A preocupação se estende às novas regiões de transmissão da doença no Sul do país, onde a mortalidade e letalidade são mais elevadas devido à falta de exposição prévia da população ao vírus.
Em relação às vacinas, duas foram aprovadas para uso comercial no Brasil – Dengvaxia (Sanofi Pasteur) e Qdenga (Takeda Pharma) –, mas nenhuma está ainda incorporada ao SUS. A vacina da Sanofi é indicada para quem já teve dengue, enquanto a da Takeda não possui restrições de uso. A incorporação ao SUS depende de análise da Conitec, cuja lentidão é uma preocupação, principalmente para a proteção de crianças e adolescentes.
O Ministério da Saúde registrou, até 1 de novembro de 2023, um total de 1.638.563 casos de dengue em todo o país, superando o total de casos de 2022 e alcançando mil óbitos, o mesmo número do ano mais letal até então registrado.