Em uma revolucionária descoberta arqueológica próximo ao Rio Nilo, na região sul do Egito, pesquisadores se depararam com um esqueleto feminino de 3.500 anos que pode representar o mais antigo caso de artrite reumatoide já identificado. O achado foi realizado em 2018, durante escavações em um cemitério antigo localizado perto de Assuã. Este esqueleto, extremamente bem preservado e quase completo, incluindo mãos e pés, permitiu uma análise detalhada, revelando evidências claras da condição.
Os restos mortais, pertencentes a uma mulher que tinha entre 25 e 30 anos na época de sua morte, datam de um período entre 1750 e 1550 a.C., conforme análise dos especialistas. Através de estudos osteológicos minuciosos, os cientistas puderam confirmar a presença de artrite reumatoide, condição caracterizada pela inflamação de uma ou mais articulações, que não havia sido clinicamente reportada até o século XVII na Europa. O esqueleto demonstrava lesões erosivas com características particulares nas superfícies articulares, sugerindo os impactos desta condição na qualidade de vida da mulher núbia.
A artrite reumatoide é uma enfermidade autoimune que geralmente afeta as articulações com sintomas como dor, inchaço, vermelhidão e calor, resultando em rigidez e, em estágios avançados, em deformidades e incapacidade funcional. Tratamentos modernos incluem fisioterapia e um grupo de medicamentos denominados drogas antirreumáticas modificadoras da doença, embora não exista cura definitiva para o transtorno, que afeta menos de 1% da população mundial adulta atualmente.
A importância deste estudo reside não apenas no registro histórico de doenças, mas também na compreensão da evolução do diagnóstico e das práticas médicas ao longo dos séculos. As descobertas foram publicadas no International Journal of Paleopathology e trazem luz a aspectos da vida e saúde na antiguidade que continuam a ser relevantes no contexto médico contemporâneo.