Jovens do Brasil, sua lata de refrigerante favorita pode não ser tão inofensiva quanto parece. Um estudo recente publicado no International Journal of Cardiovascular Sciences (IJCS) revelou um elo alarmante entre o alto consumo diário de refrigerantes e o risco aumentado de doenças cardiovasculares em adolescentes.
Analisando dados de quase 37 mil jovens brasileiros, entre 12 e 17 anos, o estudo revelou que os adolescentes que consomem, em média, 450 ml de refrigerantes por dia (equivalente a um pouco mais do que uma lata) têm maior probabilidade de desenvolver hipertensão, sobrepeso e obesidade. A mensagem é clara: a ingestão excessiva de refrigerantes, combinada a um estilo de vida sedentário, representa uma ameaça significativa à saúde dos nossos jovens.
O custo do prazer efervescente
A doutora Ana Flávia Gomes de Britto Neves, a principal autora do estudo, salienta a preocupação com o alto consumo diário de bebidas açucaradas pelos adolescentes e o seu impacto na saúde a curto e longo prazo. A presença constante destas bebidas industrializadas, especialmente refrigerantes, na dieta de adolescentes tem sido associada ao aumento de peso, dislipidemias, hipertensão arterial e hiperglicemia.
Diversas famílias brasileiras, como a de Juliana Oliveira e Ingrid Santos, têm observado em primeira mão as consequências do consumo excessivo de refrigerantes. As dificuldades encontradas para reduzir o consumo entre os jovens reforçam a necessidade de conscientização e a urgência de se estabelecer práticas saudáveis de alimentação desde cedo.
Dados da consultoria global Kantar indicam que, mesmo com a indústria de bebidas ainda se recuperando da pandemia, marcas como Coca-Cola e Fanta continuam sendo as mais consumidas fora de casa. E, embora um refrigerante gelado possa parecer uma opção refrescante e saborosa, é fundamental lembrar que seu alto teor de açúcar e outros aditivos podem levar a graves consequências de saúde a longo prazo.
Ameaça pública e soluções possíveis
A pesquisa aponta que o consumo de refrigerantes entre adolescentes é um desafio sério para a saúde pública no Brasil. Refrigerantes estão entre os 20 alimentos mais consumidos por adolescentes brasileiros, superando até mesmo as hortaliças. Esse hábito alimentar alarmante está contribuindo para o aumento dos riscos cardiovasculares precocemente, tornando-se um problema de saúde pública.
Frente a isso, medidas estão sendo adotadas em diferentes países para reduzir o consumo de refrigerantes, incluindo a taxação dessas bebidas. Chile, México e Reino Unido são exemplos de países que implementaram políticas de taxação, resultando em redução significativa do consumo e em recursos adicionais para investir na saúde da população.
No Brasil, um projeto de lei em tramitação no Senado propõe a taxação de refrigerantes e bebidas açucaradas. Essa medida é apoiada por organizações de saúde, como a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), que acreditam que a taxação pode ajudar a combater a obesidade e as doenças relacionadas.
Promover uma conscientização mais efetiva dos riscos do consumo excessivo de refrigerantes é fundamental. Ler atentamente os rótulos das bebidas, limitar seu consumo em casa, incentivar hábitos alimentares saudáveis e buscar alternativas mais saudáveis, como alimentos naturais e minimamente processados, são etapas importantes nessa jornada.
As escolas também têm um papel crucial nesse processo, incentivando o consumo de alimentos saudáveis e reduzindo a disponibilidade de refrigerantes. O caminho para a mudança de hábitos não é fácil, mas é essencial para a promoção da saúde e a redução dos riscos cardiovasculares entre os adolescentes.
E lembre-se, é sempre uma boa ideia manter a atenção aos rótulos de bebidas quanto à presença e a quantidade de açúcar, não só para refrigerantes, mas também para os sucos artificiais. Afinal, a saúde do seu adolescente depende das escolhas feitas hoje.