Um novo estudo revelou que o Lenacapavir, um medicamento antiviral injetável, demonstrou eficácia de 100% na prevenção do HIV com apenas duas aplicações por ano. Já utilizado na Europa e nos Estados Unidos para tratar pessoas infectadas com HIV, o Lenacapavir apresentou resultados impressionantes em um novo estudo que investiga seu uso preventivo.
A pesquisa, publicada na prestigiada “New England Journal of Medicine”, envolveu mais de 5 mil mulheres e adolescentes em Uganda e na África do Sul. Os participantes que receberam as duas injeções anuais de Lenacapavir não registraram nenhuma infecção por HIV, destacando a eficácia total do medicamento na prevenção do vírus.
O professor Ricardo Diaz, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que está envolvido em outros estudos sobre o Lenacapavir no Brasil, comentou os resultados significativos divulgados na quarta-feira (24). “Algumas mulheres ficaram grávidas, algumas contraíram infecções sexualmente transmissíveis, evidenciando a ausência de proteção de barreira, como o uso de preservativos. Mesmo assim, não houve nenhuma infecção por HIV entre aquelas que tomaram a injeção. Portanto, a eficácia foi de 100%,” explicou Diaz.
Além de sua alta eficácia, o Lenacapavir se destacou em comparação aos tratamentos preventivos atualmente disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil, que requerem adesão rigorosa para serem eficazes. O fato de o Lenacapavir exigir apenas duas injeções por ano torna este avanço um marco na prevenção do HIV, facilitando o cumprimento do tratamento e aumentando a proteção.
A UNAIDS, programa das Nações Unidas para o combate à AIDS, celebrou os resultados como um grande avanço na luta contra a doença, ressaltando que o impacto real desse medicamento só será alcançado se ele for acessível a todas as pessoas que necessitam. Atualmente, um tratamento anual com Lenacapavir custa cerca de US$ 40 mil. A ONU já solicitou à farmacêutica americana Gilead que libere a patente para que países mais pobres possam ter acesso ao medicamento, o que poderia reduzir o custo do tratamento para cerca de US$ 40.