Estudo revela que estrelas anãs vermelhas são menos favoráveis à vida do que se pensava

Estudo revela que estrelas anãs vermelhas emitem radiação UV intensa, tornando-se menos favoráveis à vida do que se acreditava, impactando atmosferas planetárias.

Ilustração mostra um planeta que orbita uma violenta estrela anã vermelha tendo sua atmosfera (e habitabilidade) despojada. Crédito: Robert Lea (criado com Canva) / NASA

Estrelas anãs vermelhas, que constituem a maioria das estrelas em nossa galáxia, podem ser ainda menos adequadas para a vida do que se acreditava anteriormente, segundo uma nova pesquisa divulgada na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. O estudo, liderado por uma equipe da Universidade de Cambridge, indica que essas estrelas, menores e menos massivas que o Sol, emitem explosões de radiação ultravioleta (UV) que podem impactar a habitabilidade dos planetas que orbitam ao seu redor.

Os pesquisadores analisaram dados obtidos pela missão Galaxy Evolution Explorer (GALEX), um telescópio espacial da NASA que monitorou aproximadamente 300 mil estrelas próximas entre 2003 e 2013. Os resultados mostram que as explosões de radiação UV ocorrem com uma frequência maior do que se pensava. Vera Berger, a principal autora do estudo, ressaltou que a quantidade de estrelas capazes de produzir radiação UV intensa em erupções é significativamente maior do que suposto anteriormente.

A equipe utilizou técnicas avançadas de processamento de dados para reexaminar os arquivos do GALEX, permitindo a identificação de erupções em milhares de estrelas próximas. Segundo Michael Tucker, coautor do estudo, essa abordagem combinou o poder computacional moderno com observações acumuladas ao longo de décadas.

As emissões de radiação UV das estrelas anãs vermelhas podem ser prejudiciais à vida, pois têm o potencial de danificar a atmosfera de um planeta e destruir moléculas essenciais para a biologia. A nova pesquisa sugere que o risco associado a essas explosões estelares foi subestimado, com as emissões de UV sendo de três a doze vezes mais intensas do que o previamente estimado.

Para ilustrar a gravidade dessas emissões, Benjamin J. Shappee, da Universidade do Havaí, comparou a radiação UV em locais distintos, como Anchorage, no Alasca, e Honolulu, destacando o perigo de queimaduras solares em curto espaço de tempo. Jason Hinkle, doutorando na mesma universidade, observou que o estudo altera a percepção sobre os ambientes próximos a essas estrelas menos massivas, que, embora emitem pouca luz UV fora das erupções, podem apresentar emissões intensas que ainda não têm uma explicação clara.

A equipe concluiu que mais investigações são necessárias para entender a origem dessas emissões de radiação UV e sua relação com elementos como carbono e nitrogênio.