Um estudo recente publicado na revista Nature Geoscience levanta novas questões sobre as condições primordiais da Terra e o surgimento da vida. Conduzida pelos doutores Meng Guo e Jun Korenaga, a pesquisa sugere que os oceanos da Terra primitiva foram excessivamente ácidos, potencialmente atrasando o surgimento de formas de vida por até 500 milhões de anos.
Os oceanos modernos possuem um pH levemente alcalino, em torno de 8,1. No entanto, investigações indicam que os primórdios oceanos da Terra tinham um pH muito mais ácido, tornando-os inabitáveis para as formas de vida conhecidas. Essa alta acidez comprometeria a formação de moléculas orgânicas, essenciais para a vida.
Ao buscar entender quanto tempo levaria para que processos geológicos, como a tectônica de placas, neutralizassem a acidez, os pesquisadores apontam que esses oceanos permaneceram em condições inóspitas por aproximadamente 500 milhões de anos após a formação do planeta. Essa revelação é intrigante, uma vez que estimativas anteriores sugerem que as primeiras formas de vida teriam surgido há cerca de 4,2 bilhões de anos, um período que, segundo o novo estudo, ainda seria incompatível com a existência de vida oceânica.
As discrepâncias entre as datas levantam questões sobre a precisão das estimativas apresentadas pelo estudo e a validade dos relógios moleculares em tempos tão antigos. Além disso, a acidez predominante poderia sugerir que a vida não surgiu nos oceanos abertos, mas em locais específicos, como fontes hidrotermais ou lagoas isoladas, onde o pH poderia ter sido mais favorável. Assim, o estudo de Guo e Korenaga representa um avanço significativo na compreensão das condições que cercam a origem da vida na Terra.