Estudo revela que uso de tablets aumenta raiva em crianças pequenas

Pesquisa sugere que cada 69 minutos diários de uso de tablets aos 3,5 anos está ligado a maior raiva aos 4,5 anos, prejudicando a autorregulação emocional.

Imagem: stem.T4L/Unsplash

O vínculo entre crianças e tecnologia tem sido um tema de intensos debates, e novas pesquisas trazem à tona preocupações crescentes. Um estudo recente publicado na JAMA Pediatrics aponta que o uso frequente de tablets por crianças em idade pré-escolar pode estar associado a um aumento nas expressões de raiva e frustração, sugerindo um impacto negativo no desenvolvimento emocional.

Conduzido por pesquisadores da Université de Sherbrooke, no Canadá, o estudo analisou o comportamento de 315 crianças na faixa etária de 3,5 a 5,5 anos. Os resultados indicam que cada 69 minutos de uso diário de tablets aos 3,5 anos foi relacionado a um aumento significativo nas expressões de raiva e frustração aos 4,5 anos. Além disso, foi observado que crianças com níveis mais elevados de raiva e frustração aos 4,5 anos tendiam a aumentar em 17 minutos o tempo de uso de tablets aos 5,5 anos.

Os dados revelam que, aos 3,5 anos, as crianças passavam em média 55 minutos diários em tablets, tempo que aumentava para uma hora por dia aos 5,5 anos. Esse aumento gradual levanta preocupações sobre como o uso de dispositivos pode afetar a capacidade das crianças de desenvolver habilidades essenciais de regulação emocional durante um período crítico de seu desenvolvimento.

Os autores do estudo destacam que o tempo excessivo em frente às telas pode privar as crianças de experiências fundamentais, como interações com cuidadores e brincadeiras livres, que são cruciais para o aprendizado da autorregulação emocional. Sem essas oportunidades, as crianças podem ter dificuldades para controlar explosões de raiva e frustração, o que pode resultar em impactos negativos em sua saúde, desempenho acadêmico e bem-estar psicossocial.

A conclusão do estudo sugere que o uso de tablets na primeira infância pode criar um ciclo prejudicial para o desenvolvimento emocional das crianças. Isso se alinha a outros estudos que também apontam para os riscos dessa relação entre a tecnologia e as crianças, mostrando que o uso de telas pode afetar diversas áreas do cérebro.

Em um mundo onde a tecnologia está cada vez mais presente, equilibrar o uso de gadgets por crianças de forma saudável continua sendo um grande desafio. Os resultados deste estudo reforçam a importância de repensar a maneira como introduzimos e gerenciamos a tecnologia na vida dos pequenos, buscando sempre o desenvolvimento saudável e equilibrado.