Explosão de raios gama revela possível aniquilação de antimatéria no universo

Explosão de raios gama registrada em 2022 revela possíveis indícios de aniquilação de antimatéria, desvendando processos cósmicos sem precedentes.

Um jato de partículas se move quase à velocidade da luz emerge de uma estrela massiva no conceito deste artista. O núcleo da estrela ficou sem preenchimento e entrou em colapso em um buraco negro. Parte da matéria girando em direção ao buraco negro foi redirecionada para jatos duplos disparando em alternativas opostas. Vemos uma explosão de raios gama quando um desses jatos aponta diretamente para a Terra. Laboratório de imagens conceituais do Goddard Space Flight Center da NASA

A explosão de raios gama mais intensa desde o Big Bang, registrada em 2022, trouxe à tona novas revelações sobre a possível aniquilação de antimatéria no universo. Esses eventos, que se manifestam como flashes intensos de luz, ocorrem durante fenômenos estelares extremos, como supernovas, quando estrelas massivas colapsam.

Denominada BOAT, que significa “A mais brilhante de todos os tempos”, essa explosão ocorreu a aproximadamente 2,4 milhões de anos-luz da Terra. A intensidade do evento foi tão grande que saturou a maioria dos detectores de raios gama em operação, incluindo o Telescópio Fermi da NASA, dificultando a medição de seus aspectos mais intensos.

Pesquisadores reconstruíram a linha de transferência da explosão, que foi detectada quase cinco minutos após o evento principal e persistiu por pelo menos 40 segundos, atingindo um pico de energia de cerca de 12 MeV. Para referência, a energia da luz visível varia entre 2 a 3 elétron-volts.

De acordo com Maria Edvige Ravasio, pesquisadora da Universidade Radboud, a emissão peculiar observada pode ser resultado da aniquilação de antimatéria, um fenômeno sem precedentes até então. Esse processo ocorre quando um elétron e um pósitron colidem, gerando raios gama de energia específica. A peculiaridade desse evento se deve ao fato de que a matéria estava se movendo a velocidades próximas à da luz, resultando em um desvio para o azul e aumentando a energia da emissão.

Elizabeth Hays, cientista do projeto Fermi, enfatiza a importância dessas descobertas para compreender melhor os jatos que surgem desse tipo de explosão. A pesquisa continua a oferecer valiosas informações para investigar ambientes extremos no cosmos.