A febre oropouche, anteriormente restrita à região amazônica, tem se espalhado rapidamente pelo Brasil. Em comparação com 2023, quando foram confirmados 832 casos em todo o ano, o país já apresenta um aumento significativo em 2024. Segundo o Ministério da Saúde, os estados com maior número de exames positivos para a doença são Amazonas (3.224), Rondônia (1.709), Bahia (830), Espírito Santo (412) e Acre (265). A expansão da doença para fora da região amazônica é um novo desafio para as autoridades de saúde.
Até o ano passado, o Ministério da Saúde não havia registrado casos fora da Amazônia, com infecções concentradas no Amazonas, Rondônia, Acre, Roraima e Pará. No entanto, na última quinta-feira (26/7), foram confirmadas as primeiras mortes pela doença em nível mundial, ocorridas na Bahia. As vítimas foram duas mulheres, de 22 e 24 anos, sem comorbidades, o que aumentou o alerta sobre a gravidade da situação.
Especialistas na Bahia destacam que a disseminação do vírus nas macrorregiões sul e leste do estado configura um surto preocupante. Em um artigo assinado por 20 pesquisadores, em fase de revisão, é enfatizada a necessidade de atenção à saúde pública diante da rápida propagação do oropouche.
Adicionalmente, seis casos de transmissão vertical (de mãe para filho) estão sob investigação. São três casos em Pernambuco, um na Bahia e dois no Acre. Dentre esses, houve dois óbitos fetais, um aborto espontâneo e três casos de anomalias congênitas, como a microcefalia.
O vírus oropouche não é novo. Foi isolado pela primeira vez no Brasil na década de 1960, com surtos concentrados no Norte. A partir de 2023, o sistema de detecção foi ampliado para toda a rede nacional de Lacens (Laboratórios Centrais de Saúde Pública), permitindo a identificação de casos em outras regiões do país.