As inovações na Inteligência Artificial (IA) estão abrindo um novo horizonte para reduzir a dependência de testes em animais. Softwares de ponta, como o AnimalGAN desenvolvido pela agência reguladora FDA dos Estados Unidos, demonstram o enorme potencial dessa tecnologia. Esse sistema foi treinado com dados de 6.442 camundongos de laboratório em mais de 1.300 cenários de testes envolvendo substâncias e tratamentos diversos.
Anualmente, inúmeras novas substâncias químicas chegam ao mercado, e as aplicações de IA podem ser fundamentais para determinar a toxicidade de muitas delas. Além disso, os sistemas inteligentes são capazes de reunir e analisar os resultados globais de testes já realizados, evitando repetições desnecessárias.
Em entrevista à BBC, Thomas Hartung, professor de toxicologia na Universidade Johns Hopkins, afirma que softwares são utilizados há tempos nessa área, mas a IA tem o potencial de impulsionar avanços significativos. Segundo Hartung, “Ter ferramentas nas quais podemos pressionar um botão e obter uma avaliação preliminar, com alguns sinais de onde está o problema, seria extremamente útil.”
Apesar das promessas, as aplicações de IA não são infalíveis. Se o algoritmo for treinado com dados predominantes de um grupo étnico específico, por exemplo, os resultados podem não ser aplicáveis a outros grupos. No entanto, como ressalta Hartung, “os próprios testes de medicamentos humanos em animais também podem apresentar falhas.”
Transição para uma ciência mais ética
Emma Grange, do grupo Cruelty Free International, reforça a importância dessa nova frente: “Sabemos que a utilização de animais como modelos para a proteção da saúde humana e do ambiente é uma ciência ultrapassada, e esperamos que, em última análise, a IA possa desempenhar um papel na transição da utilização de animais em qualquer teste ou experiência.”
