Um exame de sangue revelou-se mais eficaz para diagnosticar a doença de Alzheimer em pacientes com sintomas, superando os métodos tradicionais como testes cognitivos e tomografias computadorizadas. Esta descoberta foi feita por pesquisadores da Universidade de Lund, na Suécia, e os resultados foram publicados no Journal of American Medical Association em 28 de julho.
Atualmente, cerca de 55 milhões de pessoas convivem com demência, sendo a forma mais comum o Alzheimer, cuja evolução pode ser influenciada por fatores genéticos e ambientais. O diagnóstico tradicionalmente combina tomografias computadorizadas, que revelam a degradação do tecido cerebral, com testes cognitivos e relatos de sintomas pelos pacientes. Contudo, esses métodos têm precisão limitada, com médicos de atenção primária identificando corretamente a doença em 61% dos casos e especialistas acertando 73% das vezes.
O novo estudo, conduzido pelo neurologista Sebastian Palmqvist, analisou a eficácia de uma combinação de proteínas no soro humano para detectar Alzheimer. A pesquisa envolveu 1.213 pacientes na Suécia, recrutados entre fevereiro de 2020 e janeiro de 2024. Destes, aproximadamente dois terços apresentavam declínio cognitivo subjetivo ou leve, enquanto o terço restante já tinha sido diagnosticado com demência.
Os pacientes foram submetidos ao novo exame de sangue e, em muitos casos, também a uma punção lombar para coleta de fluido espinhal ou uma tomografia por emissão de pósitrons. As avaliações mostraram que o exame de sangue e os outros métodos tinham a mesma precisão, prevendo o Alzheimer com 90% de acerto.
A principal vantagem do exame de sangue é sua conveniência, permitindo um diagnóstico mais rápido e menos invasivo. Isso pode garantir que os pacientes recebam cuidados de saúde necessários sem demora. “O teste já está disponível nos EUA e provavelmente estará em muitos outros países em breve”, afirmou Oskar Hansson, pesquisador sênior da Universidade de Lund. Ele acrescenta que, inicialmente, o exame será utilizado em clínicas especializadas, com a expectativa de que diretrizes e treinamentos para cuidados primários sejam implementados em um a dois anos.
No Brasil, o exame PrecivityAD2 está disponível desde setembro de 2023, custando aproximadamente R$ 3,6 mil na rede privada. No entanto, ainda não é coberto por planos de saúde ou pelo SUS. Este teste detecta proteínas indicadoras de placas amilóides no cérebro, que são agregações de proteínas relacionadas ao Alzheimer e prejudicam o funcionamento cerebral.