Jejum intermitente: ciência revela impactos na saúde cerebral e metabólica

Jejum intermitente pode melhorar a saúde cerebral, ativando cetose e possivelmente reduzindo risco de Alzheimer.

jejum

Nos tempos modernos, a busca pelo equilíbrio entre mente e corpo ganha cada vez mais adeptos através de práticas como o jejum intermitente. Longe de ser apenas uma moda passageira, essa abordagem alimentar tem raízes em tradições milenares e vem sendo reconhecida pela ciência contemporânea por seus potenciais benefícios para a saúde cerebral e metabólica. Mas, você já se perguntou como exatamente o jejum impacta o nosso organismo?

Um dos mecanismos mais fascinantes ativados pelo jejum intermitente é a cetose. Imagine seu corpo como um carro. Normalmente, ele roda com um tipo de combustível: a glicose, obtida através da alimentação. Contudo, quando estamos em jejum por um período entre 12 a 16 horas, nosso “veículo” precisa mudar de combustível, pois o estoque de glicose está esgotado. É aqui que entra em cena a cetose, um estado metabólico onde o corpo começa a queimar gordura estocada para gerar energia. Este processo não apenas favorece a perda de peso, mas também proporciona cetonas como fonte de energia para o cérebro – substâncias estas associadas a uma melhora na função cognitiva.

Entretanto, a travessia para alcançar esse estado metabólico pode ter seus desafios como fome, náusea e até uma certa irritação, em virtude da mudança na principal fonte de energia do corpo. Isso nos lembra da importância de abordar essa prática sob o acompanhamento de um profissional da saúde.

E o que dizer sobre o eixo cérebro-intestino, essa via de mão dupla entre mente e sistema digestivo? Pesquisas com animais sugerem que o jejum intermitente pode potencializar a função cerebral, estimulando o crescimento de novos neurônios no hipocampo, região associada à formação de memórias. Em humanos, estudos indicam uma redução no risco de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer, em pessoas que adotam padrões de alimentação com menos refeições diárias.

Além disso, a periodicidade na restrição alimentar pode desencadear mudanças favoráveis nos genes dos tecidos, contribuindo para uma melhor metabolização das reservas de energia, favorecendo assim tanto a recuperação corporal quanto a capacidade de realizar tarefas diárias. Um estudo com participantes italianos revelou que aqueles que adotavam um jejum diário de dez horas apresentavam menor probabilidade de desenvolver deficiências cognitivas.

No tocante à saúde metabólica, as mitocôndrias – pequenas “fábricas de energia” dentro de nossas células – recebem um estímulo para funcionar melhor durante o jejum. Isso não só potencializa nossa energia no dia a dia como também pode proporcionar uma barreira mais robusta contra doenças relacionadas ao envelhecimento.

Embora muitos dos estudos sobre os efeitos positivos do jejum intermitente tenham sido realizados em modelos animais, o interesse e as pesquisas na aplicação desses benefícios em humanos estão crescendo. Cada vez mais, a ciência busca entender como essa prática milenar pode ser uma aliada na manutenção de um organismo saudável e de um cérebro ativo e ágil.

No entanto, é crucial lembrar que a prática do jejum intermitente, como qualquer outra mudança significativa na dieta, deve ser conduzida com cuidado e preferencialmente com orientação de um profissional de nutrição. Esta é a chave para aproveitar os benefícios enquanto se evitam possíveis riscos. Afinal, nosso objetivo maior é harmonizar corpo e mente, alcançando um estado de saúde pleno e duradouro.