Legalização de jogos de azar online pode sobrecarregar a saúde pública no Brasil

Legalização de jogos de azar online no Brasil pode sobrecarregar a saúde pública, com aumento do vício e demanda por tratamento especializado, alertam especialistas.

Governo quer colocar travas para segurar jogadores compulsivos. (Imagem: DDevecee / Shutterstock.com)

Uma nova portaria do Ministério da Fazenda classifica jogos de azar online em categoria regulamentada, sinalizando a possibilidade de legalização dessas atividades no Brasil. No entanto, especialistas alertam que essa mudança pode trazer consequências significativas para a saúde pública.

Rodrigo Machado, psiquiatra do Programa de Transtornos do Impulso do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo, destaca que a infraestrutura atual do país não está apta para lidar com o aumento do vício em jogos, uma vez que nações que já legalizaram essa prática observaram um aumento de até quatro vezes na demanda por tratamento especializado.

Machado enfatiza que, embora a legalização possa gerar benefícios financeiros, é imprescindível que haja um planejamento adequado para a saúde pública. Isso inclui a formação de profissionais capacitados nas Unidades Básicas de Saúde e nos Centros de Atenção Psicossocial, que frequentemente não possuem a expertise necessária para atender casos de dependência.

O psiquiatra também menciona a necessidade de uma formação robusta para médicos da família e psiquiatras, além de maior investimento na qualificação de psicólogos. Para pessoas em áreas remotas, o acesso a tratamentos ainda é um desafio que deve ser considerado na formulação de políticas públicas relacionadas à legalização dos jogos.

As discussões em torno da legalização de jogos de azar online no Brasil levantam questões cruciais sobre a preparação do sistema de saúde para lidar com o potencial aumento de casos de vício.