Lei ameaça cadeia de suprimentos de medicamentos nos EUA

Lei dos EUA visa proteger dados de saúde, restringindo vínculos com biotecnologia chinesa; impacto global no setor farmacêutico.

biotecnologia

No início da semana que passou, profissionais do ramo farmacêutico nos Estados Unidos sentiram um tanto de inveja. Eles viram a gigante Intel recebendo uma bolada de subsídios do governo por meio da Lei de Chips e Ciência. Essa lei faz parte do plano dos EUA para enfrentar ameaças que vêm da China, especialmente nos assuntos de suprimentos.

Enquanto o setor de semicondutores celebra um investimento de US$ 53 bilhões para estimular a produção no país, o setor de biotecnologia encontra-se em um dilema. Eles enfrentam desafios similares aos da indústria de chips, mas sem a mesma ajuda financeira, conforme reportou o The Wall Street Journal.

Legislação em Debate

O Congresso dos EUA está debatendo uma legislação que pode complicar bastante a vida das empresas farmacêuticas. A proposta é adicionar empresas chinesas à listas negras do setor biotecnológico. Isso afetaria não apenas o custo para desenvolver novos medicamentos, mas também atingiria empresas norte-americanas que dependem da China para fabricação e pesquisa, inclusive testes em animais.

A chamada Lei de Biossegurança procura proteger dados de saúde dos cidadãos americanos, limitando negócios com certas companhias de biotecnologia da China, como a BGI e a WuXi AppTec. Com isso, empresas dos EUA que dependem desses serviços chineses poderiam perder a elegibilidade para contratos governamentais importantes, afetando programas como Medicare e Medicaid.

Empresas americanas estão sendo pressionadas a tomar uma posição. A BioTechnology Innovation Organization (BIO), por exemplo, mudou sua postura em relação à legislação depois de críticas. Eles anunciaram que deixariam de trabalhar com a WuXi para apoiar a lei.

Análise do Cenário Atual: Chris Meekins, um analista em Washington, acredita que há grandes chances de a lei ser aprovada. O Congresso vê a biotecnologia como uma questão crítica de segurança nacional, ressaltando um ponto interessante: de que adiantam avanços em armamentos, se os soldados estiverem doentes pela falta de medicamentos?

Por outro lado, existem preocupações sobre os efeitos dessa lei nas empresas norte-americanas. A WuXi AppTec, por exemplo, é vital para a cadeia de suprimentos de medicamentos nos EUA, sendo responsável por 66% de sua receita no país. Grandes farmacêuticas, como Eli Lilly e Amicus, já sinalizaram os riscos que tal legislação traria para suas operações.

Diante dessas discussões, há possibilidade de a lei ser ajustada para permitir que contratos já existentes com empresas como a WuXi continuem. Isso poderia evitar uma ruptura drástica no fornecimento de medicamentos, essenciais para a saúde da população.