Na última sexta-feira (5), um material radioativo foi roubado em São Paulo, remetendo ao famoso caso do césio-137 em Goiânia nos anos 1980. Desta vez, o elemento furtado foi o germânio, que emite 200 vezes mais radiação ionizante que o césio-137. Entretanto, especialistas garantem que isso não o torna mais perigoso.
Roberto Spinelli, físico formado pela USP e pesquisador em Inteligência Artificial, explicou nas redes sociais que diversos fatores definem a periculosidade de um material nuclear. Ele destacou que o césio-137 estava na forma de um sal, altamente solúvel e dispersível. Já o germânio está em forma sólida, dificultando sua propagação e contaminação de água.
Além disso, a vida útil do césio-137 é de cerca de 30 anos, enquanto o germânio dura aproximadamente 272 dias. A quantidade também é um fator crucial: no acidente de Goiânia, 19 gramas de césio foram dispersadas, comparadas a miligramas de germânio no caso atual.
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) já havia informado que o risco para a população e o meio ambiente é baixo, mas enfatizou que o contato direto com o material deve ser evitado. Cinco latas contendo o germânio foram roubadas, das quais duas já foram recuperadas.
Em caso de encontrar o material, a CNEN orienta a população a manter distância e contatar imediatamente a comissão ou a polícia pelos números (21) 98368-0734 ou (21) 98368-0763.
O episódio de 1987 em Goiânia foi marcado pela contaminação de diversas áreas após a manipulação inadequada de um aparelho de radioterapia, resultando na morte de quatro pessoas.